Meio ambiente

sexta-feira, setembro 30, 2011

Cação-Bico-de-Cristal


Mustelus schmitti Springer, 1939 

Provável imagem da espécie.
NOME POPULAR: Caçonete; Cação-Bico-de-Cristal; Sebastião
FILO: Chordata
CLASSE: Chondrichthtyes
ORDEM: Carcharhiformes
FAMÍLIA: Triakidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 05/04): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): EN
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A2bd


  • INFORMAÇÕES GERAIS

  Mustelus schmitti é uma espécie caracterizada pela pequena distância proporcional entre as fendas nasais, menor ou igual à metade da largura da boca, pela presença de elementos córneos (ceratotríquios) nus na margem distal das nadadeiras dorsais e de pintas esbranquiçadas dorsais na região anterior do corpo (Figueiredo, 1977; Compagno, 1984). Habita águas profundas da plataforma continental, entre 60 e 195 m de profundidade (Compagno, 1984). No Brasil, ocorre com um pico sazonal de abundância no inverno na plataforma do Rio Grande do Sul, sendo classificado como migrante de inverno proveniente de águas uruguaias e argentinas. Atinge até 108,5 cm de comprimento total. As fêmeas alcançam maior tamanho e são mais robustas que os machos (Menni,1986; Menni et al.,1986). Espécie vivípara aplacentária, com fecundidade de 1 a 13 embriões por gestação (mais freqüentemente 4), apresenta ciclo anual de reprodução bem definido. Os machos estão maduros a partir de 60 cm (Menni et al., 1986) e fêmeas portam embriões a partir de 59,8 cm. O tamanho máximo registrado para os embriões é de 28,5 cm, em novembro. Os nascimentos ocorrem em novembro-dezembro (Menni, 1986). Mustelus schmitti constitui, junto com outra espécie migrante da Argentina (Galeorhinus galeus), a maior parte da safra de inverno da pesca demersal na plataforma do Rio Grande do Sul com redes de arrasto e de emalhe (Peres & Vooren, 1991; Miranda & Vooren, 2003; Lucifora et al., 2004). É, também, uma das espécies de maior importância na Zona Comum de Pesca Argentina-Uruguai; nos últimos anos, sua captura superou 10.000 toneladas anuais, convertendo-se no elasmobrânquio mais explotado da região (Massa et al., 1998). A análise de Captura por Unidade de Esforço (CPUE) do arrasto de portas e do arrasto de parelha da frota do rio Grande nos invernos dos anos de 1985 a 1997 demonstra que, no decorrer deste período de 12 anos, a abundância das duas espécies na plataforma Sul diminuiu cerca de 85% (Peres & Vooren, 1991; Miranda & Vooren, 2003; Lucifora et al., 2004). Os dados de Captura por Unidade de Esforço (CPUE) do arrasto da frota do rio Grande nos anos de 1998 a 2002 confirmam que o declínio destas espécies prosseguiu na plataforma Sul (Projeto SALVAR, Convênio FURG/CNPq-PROBIO, dados não publicados; SBEEL, 2005). Apesar de não constar ainda da lista de espécies ameaçadas da IUCN, a avaliação recente do seu estado de conservação pelo Shark Specialist Group da IUCN aponta para um estado global de ameaça na categoria Em Perigo (EN), e uma situação Criticamente em Perigo (CR) no Brasil (R. Cavanagh, com. pess.).
  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Mustelus schmitti distribui-se no Atlântico Sul ocidental, do Rio de Janeiro (23ºS) até a Patagônia, na Argentina (48º30’S) (Figueiredo, 1977; Menni, 1986; Massa et al., 1998). 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Desconhecida.


  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  Mustelus schmitti sofre alta pressão pesqueira ao longo da área entre o Rio Grande do Sul até a Argentina, onde é capturada pelo arrasto de fundo e emalhe. Constitui, junto com outra espécie migrante da Argentina (Galeorhinus galeus), a maior parte da safra de inverno da pesca demersal na plataforma do Rio Grande do Sul. É, também, uma das espécies de maior importância na Zona Comum de Pesca Argentina-Uruguai; nos últimos anos, sua captura superou 10.000 toneladas anuais, convertendo-se no elasmobrânquio mais explotado da região (Massa et al., 1998). 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Atualmente não há medidas de conservação ou manejo estabelecidas no Brasil. A proibição da captura de M. schmitti é recomendada em nível regional, envolvendo Brasil, Uruguai e Argentina. Essa medida está de acordo com o status da espécie na Instrução Normativa 05 (21/05/2004), onde é listada como ameaçada.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

Carolus M. Vooren (FURG); Mônica Brick Perez (IBAMA).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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