Meio ambiente

sábado, setembro 24, 2011

Macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta


Saimiri vanzolinii Ayres, 1985 

Provável imagem da espécie
NOME POPULAR: Macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta; Capijuba-de-boné
SINONÍMIAS: Saimiri boliviensis vanzolinii; Saimiri sciureus vanzolinii
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Primates
FAMÍLIA: Cebidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta
Anexos da CITES: Anexo II


CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A3c; B1ab(i, ii, v)

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Saimiri vanzolinii, de acordo com Ayres (1985), Hershkovitz (1987) e Silva Júnior (1992), é um táxon do grupo de espécies  Saimiri boliviensis (sensu Hershkovitz, 1984), pois exibe um arco superciliar do tipo Romano e um pincel caudal  fino. De acordo com Ayres (1985) e Silva Júnior (1992),  S. vanzolinii difere dos outros táxons romanos por apresentar coloração muito escura no dorso, com os pêlos pretos predominando sobre os agutis, formando uma faixa larga, ininterrupta, da cabeça à ponta da cauda. Além disso, possui a face dorsal de pés, mãos e antebraços amarelo-queimada clara, pelagem dorsal mais densa, além de tamanho um pouco menor que as outras formas do seu grupo. S. vanzolinii apresenta dimorfismo sexual bem marcado, com os machos sendo maiores e mais pesados que as fêmeas e apresentando um canino 100% maior (Ayres, 1985; Muniz, 2005). As fêmeas têm a cauda relativamente mais longa e a coloração da pelagem é mais escura, especialmente nos lados do pescoço e da face. Ayres (1985) observou a ocorrência de condição de engorda em machos durante o período reprodutivo. A área de distribuição de S. vanzolinii está sujeita a inundação anual de cerca de 12 m. Como as outras espécies do gênero, S. vanzolinii mostra preferência por habitats mais úmidos, concentrando as mais altas densidades ao longo de cursos d’água e em florestas alagáveis. O hábitat preferencial parece ser a várzea baixa, com inundação de 11 a 12 m durante cerca de seis meses ao ano, compreendendo duas variantes principais: chavascal, em solos pouco aerados, e floresta de restinga, em diques baixos, com solos bem mais aerados. Saimiri vanzoliniivive em grupos numerosos, que podem alcançar 50 indivíduos, e forma associações interespecíficas com Cacajao calvus calvus, com Cacajao calvus rubicundus e Cebus macrocephalus, e também com uma ave, Crotophaga major. A espécie apresenta uma dieta insetívora e frugívora, alimentando-se de uma grandevariedade de invertebrados e do mesocarpo de vários frutos encontrados na restinga. Schwindt & Ayres (2004) fizeram levantamentos em uma área de 1.800 km2, registrando 149 bandos de S. vanzolinii e 190 de uma outra espécie de Saimiri do grupo Gótico. Schwindt & Ayres (2004) observaram a presença de apenas uma espécie em cada área, sendo raras as associações mistas. Esses autores sugeriram que a variação no número de avistamentos em diferentes meses indica que os grupos de S. vanzolinii se movem sazonalmente, tendo em vista a variação espacial na abundância de frutos durante o período de cheia na região.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Ayres (1985) descreveu a distribuição da espécie como sendo restrita a três áreas adjacentes. A primeira é a planície localizada na parte mais baixa do interflúvio Japurá-Solimões. O limite oeste não é bem conhecido. Ayres (1985) levantou a hipótese de que a distribuição de S. vanzolinii poderia alcançar o Paraná do Jarauá, sendo limitada, em direção oeste, pela presença de uma paisagem ecologicamente desfavorável. As outras áreas são duas ilhas no rio Solimões: Tarará (= Pananim) e Capucho (= Uanacá). A localidade-tipo é considerada a margem esquerda (norte) do lago Mamirauá, na boca do rio Japurá, Estado do Amazonas (02º59’S; 64º55’W) (Ayres, 1985). Os espécimes-tipo encontram-se no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e no Museu Paraense Emílio Goeldi. A área total de ocorrência foi estimada por Ayres (1985) em não mais do que 950 km2. Entretanto, Schwindt & Ayres (2004) observaram que a distribuição de S. vanzolinii é menor do que a área considerada por Ayres (1985), compreendendo um total de apenas 533 km2. Isso foi atribuído à presença de grandes áreas com formações vegetais inóspitas dentro da área total de distribuição da espécie. Schwindt & Ayres (2004) indicaram que pequenos canais de rios segmentam populações e que a espécie está ausente em algumas ilhas com habitats favoráveis. Esses autores verificaram também uma retração na distribuição, indicando a ausência de S. vanzolinii em uma área onde a espécie havia sido observada há dez anos. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

REDES Mamirauá (AM). 

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  Observações sobre o uso da fauna na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Valsecchi, 2005) indicaram que S. vanzolinii não sofre pressão de caça na região, sendo raramente utilizado como animal de estimação entre os membros das comunidades locais. A principal ameaça à sobrevivência da espécie parece ser o endemismo extremo, pois a mesma ocorre apenas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, tendo uma das menores distribuições geográficas entre os primatas neotropicais. Schwindt & Ayres (2004) sugeriram que a distribuição de S. vanzolinii está sendo retraída em decorrência da competição com outra espécie de Saimiri. As relações entre essas duas espécies ainda não estão bem esclarecidas. Embora os resultados de um levantamento recentemente iniciado na região (Amaral et al., 2005; Valsecchi, 2005) tenham corroborado as observações de Schwindt & Ayres (2004) acerca da exclusão entre grupos de espécies diferentes, um indivíduo depositado no Museu Goeldi apresentou um arco Romano, em contraste com o restante da coloração da pelagem, similar à da espécie do grupo Gótico, sugerindo hibridização natural. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  O conhecimento sobre a história natural de Saimiri vanzolinii se resume às observações de Ayres (1985), Queiroz (1995) e Schwindt & Ayres (2004). A espécie nunca foi alvo de estudo de longo prazo, e a produção do conhecimento é a prioridade em relação a sua conservação. Existe a necessidade de se conhecer melhor o seu modo de vida, os efeitos da fragmentação em populações isoladas e as relações com a outra espécie do mesmo gênero, a partir da realização de estudos sobre sua ecologia e comportamento. Uma ação imediata é a continuidade dos levantamentos sobre os limites de sua distribuição. Esse conhecimento será indispensável para que sejam avaliadas as possibilidades de conservação em longo prazo, subsidiando a elaboração de um plano de manejo para a espécie. 

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  D. M. Schwindt (New York University, EUA); Helder Lima de Queiroz (IDSM/OS/MCT); José de Sousa e Silva Júnior e Izaura da Conceição Magalhães Muniz (MPEG); João Valsecchi do Amaral e José Márcio Ayres (IDSM); R. K. Costello (The Graduate Center of the City University of New York, EUA); Yatio Yonenaga Yassuda (USP). IDSM e MPEG.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

Um comentário:

  1. gostei da história dele muito interessante pra ler e escrever eles são muito enteressates esses macaquinhos muito lindo i fofos.Mas eu tenho medo de macacos não posso nem sonhar com eles que fico com medo deles

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