Meio ambiente

quinta-feira, outubro 13, 2011

Jaguatirica


Leopardus pardalis mitis (Linnaeus, 1758)

NOME POPULAR: Jaguatirica; Gato-maracajá; Maracajá-verdadeiro; 
Maracajá-açu
SINONÍMIAS: Felis pardalis
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Carnivora
FAMÍLIA: Felidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros:  RS (VU); SP (VU); MG (CR); RJ(VU);  
PR(VU); ES(VU) Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): não consta
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A4c

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Leopardus pardalis mitis, como as demais subespécies de L. pardalis, é um táxon  de porte médio, com corpo esbelto, cabeça e patas grandes e cauda relativamente curta, caracterizada pela presença de rosetas abertas que coalescem, formando bandas longitudinais, numa pelagem de fundo amarelo-ocráceo. O comprimento médio da cabeça e do corpo é de 77,3 cm, variando entre 67 e 101,5 cm, enquanto o da cauda é de 35,4 cm (30 a 44,5 cm) e o peso médio fica em torno de 11 kg (8 a 15,1 kg). O período de gestação varia entre 70 e 85 dias, após o qual nascem de um a quatro filhotes (Oliveira & Cassaro, 2005). Considerando que o potencial reprodutivo máximo de uma fêmea de sete anos, em vida livre, é de cinco a sete filhotes e que poucos exemplares conseguiriam alcançá-lo, supõe-se que a jaguatirica tenha capacidade de recuperação bem mais lenta do que felinos equivalentes de outras regiões zoogeográficas (Oliveira, 1994). A espécie apresenta importante flexibilidade ecológica, ocorrendo em grande variedade de habitats, desde as áreas secas do Chaparral do Texas, Caatinga do Brasil e Chaco paraguaio, até as florestas tropicais e subtropicais, tanto em áreas primitivas quanto alteradas. A jaguatirica tende a ser a espécie de felino de pequeno-médio porte dominante nas áreas de cobertura vegetal mais densa, especialmente nas úmidas. O gradiente altitudinal vai desde o nível do mar até 3.800 m (Oliveira,1994, obs. pess., Sunquist & Sunquist, 2002). Os hábitos são solitários, sendo o período de atividade predominantemente noturno (de 72 a 92%), podendo também apresentar níveis consideráveis de atividade diurna (21 a 36%). A área de vida é bastante variável, em função da disponibilidade de recursos entre as áreas e os sexos. Nas fêmeas, varia entre 0,8 e 15 km2 e nos machos fica entre 3,5 e  46 km2. A área do macho engloba, normalmente, a área de duas a três fêmeas (Oliveira, 1994; Crawshaw, 1995; Murray & Gardner, 1997; Jacob, 2002; Sunquist & Sunquist, 2002). A dieta também é bastante variada. Apesar de, na média geral, ser constituída primariamente de pequenos roedores do porte de ratazanas (53%), também inclui mamíferos de médio porte (22,5%), como cutias (Dasyproctaspp.), tatus (Dasypus spp.) e macacos (bugios – Alouatta spp.), répteis/anfíbios (12,7%), aves (9,13%) e, em menor escala, mamíferos de grande porte (1,4%), crustáceos (1,5%) e peixes (0,24%) – propor-ções médias para 12 áreas de estudo (Murray & Gardner, 1997; Bianchi, 2001, Oliveira in press, a). O consumo médio de presas na natureza é de cerca de 700 g (Oliveira, 1994). 

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  A distribuição geográfica original de L. pardalis  incluía os Estados da Louisiana, Arkansas e Arizona, nos Estados Unidos, estendendo-se pelo México, toda a América Central, leste dos Andes até o Equador e a oeste até a província de Entre Rios, no norte da Argentina, e porção central do Rio Grande do  Sul (Oliveira, 1994; Murray & Gardner, 1997). A espécie ocorre fora da bacia amazônica no Brasil, estendendo-se até o norte argentino (Murray & Gardner, 1997). A distribuição atual de L. pardalis é semelhante à original, tendo porém desaparecido dos Estados de Arkansas, Louisiana e Arizona, nos Estados Unidos, bem como de algumas regiões do México, América Central e América do Sul. Algumas populações de L. p. mitis são encontradas no Brasil fora da bacia Amazônica até o limite sul da distribuição. Algumas populações encontradas no Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil já desapareceram, enquanto 
outras se encontram isoladas. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

PARNA Serra da Capivara e PARNA Sete Cidades (PI); PE Mirador  e REBIO Gurupi (MA); PARNA Iguaçu (PR); PARNA das Emas  e PARNA da Chapada dos Veadeiros (GO); PARNA Serra da Canastra, PARNA do Caparaó, PARNA Serra do Cipó, PARNA do Itatiaia, PARNA Grande Sertão Veredas, PARNA Cavernas do Peruaçu, APA Caverna do Peruaçu, APA Morro da Pedreira, APA Carste Lagoa Santa, APA Serra da Mantiqueira, APA Fernão Dias, PE Itacolomi, PE Rio Doce, PE Rio Preto, PE Grão Mogol, PE Serra Negra, PE Serra do Brigadeiro, PE Veredas do Peruaçu, REBIO Sagarana/Mata Seca, FLONA Passa Quatro, RPPN Feliciano Miguel Abdala, RPPN Vereda Grande, RPPN Galheiro, RPPN Caraça, APA Serra de São José, PARNA da Serra da Canastra, PARNA Grande Sertão Veredas, PE Cavernas do Peruaçu e PE Veredas do Peruaçu (MG); FLONA de São Francisco de Paula (RS); REBIO Sooretama, REBIO Augusto Ruschi e REBIO Duas Bocas (ES); RF Ducke (PA); EE de Itirapina (SP); EE da Serra das Araras (MT) e PARNA Chapada dos Guimarães (MT); PE do Cantão (TO); PARNA da Chapada Diamantina (BA); PARNA de Brasília (DF); PARNA do Pantanal Mato-grossense (MS).

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  A principal ameaça a esta espécie é o desmatamento e a conseqüente fragmentação das áreas florestadas, assim como a destruição/alteração da cobertura original. Outro fator de ameaça é a caça, por motivos de eliminação de predador potencial às criações domésticas (mais precisamente de aves), bem como por motivos esportivos ocasionais, assim como a apanha, tanto para o tráfico quanto para manutenção local como animal de estimação. Além disso, a jaguatirica sofre com a perda de presas, o que afeta diretamente as suas populações, já que a redução de alimento disponível diminui a densidade das populações existentes. As Unidades de Conservação do Brasil não são suficientes para a manutenção de populações mínimas e viáveis em longo prazo, especialmente fora da bacia Amazônica, área de ocorrência da subespécie ameaçada. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Medidas para a conservação das populações de L. p.mitis devem envolver a proteção de habitats, procurando manter sempre a conectividade entre as áreas preservadas, além de reforçar a  fiscalização, tornando-a mais efetiva nas Unidades de Conservação. O monitoramento das populações naturais também deveria ser uma prioridade, assim como a recuperação de habitats, já que esta subespécie ocorre nos biomas mais seriamente impactados do país.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  O Projeto Gatos do Mato - Brasil, tendo à frente o Instituto Pró-Carnívoros e participação de outras instituições, coordenado por Tadeu G. de Oliveira e participações de Carlos Benhur Kasper, Fábio Mazim, José Bonifácio Garcia Soares, Rosane Vera Marques, Marcos Tortato e Rita de Cássia Bianchi (dentre outros), vem obtendo informações acerca da ecologia da espécie em diversas áreas do Brasil. Peter Crawshaw Jr. (IBAMA) e Anael Jacob (IPÊ/UnB) realizaram trabalhos com radiotelemetria da espécie. Rita de Cássia Bianchi (UFES), Ellen Wang (UNICAMP), Kátia Facure (UFU), dentre outros, realizaram trabalhos sobre a ecologia trófica da espécie. Vários outros pesquisadores vêm obtendo informações de ocorrência/abundância provenientes de armadilhas fotográficas.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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