Meio ambiente

sexta-feira, outubro 07, 2011

Mico-leão-da-cara-preta



Leontopithecus caissara Lorini & Persson, 1990 

NOME POPULAR: Mico-leão-da-cara-preta; Sagüizinho (PR e SP)
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Primates
FAMÍLIA: Callitrichidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: PR (CR); SP (CR)
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): CR
Brasil (Biodiversitas, 2002): CR – C2a(i); E

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Leontopithecus caissara é vulgarmente conhecido como mico-leão-da-cara-preta, pelo fato de sua coloração dourada do corpo diferir de sua juba negra. São pequenos primatas arborícolas e gregários, que formam geralmente grupos de 5 indivíduos, normalmente compostos pela díade alfa (par reprodutivo) e seus filhotes; não há, aparentemente, dimorfismo sexual entre eles. Leontopithecus caissara foi a última espécie do gênero a ser descrita (Lorini & Persson, 1990) e é considerada a mais ameaçada da família dos calitriquídeos (Rylands et al., 2002; Mittermeier et al., 2005). Isso se deve a sua restrita distribuição geográfica, aliada à baixa densidade populacional e ao isolamento de suas populações. Leontopithecus caissara é endêmica da Mata Atlântica e ocorre na planície costeira do litoral sul de São Paulo e norte do Paraná, nos limites dos municípios de Guaraqueçaba e Cananéia, onde se encontra um dos maiores contínuos desse bioma no Brasil. A espécie está associada a formações pioneiras de influência flúviolacustre ou marinha (contemplando brejos e restingas) e a florestas de terras baixas, sendo preferenciais as formações mais antigas, onde há disponibilidade de ocos de árvore que servem de abrigos naturais  à espécie (Schmidlin, 2004). O último levantamento de ocorrência da espécie, realizado no ano de  2000, confirma sua presença próxima ao nível do mar. O registro de altitude máxima é de 20 m, na planície do Ariri (Prado et al., 2003). Estima-se que a população esteja em torno de 400 animais, separados em duas populações: uma continental, somando aproximadamente 220 indivíduos e, outra insular, com cerca de 180 animais, o que corresponde a uma densidade de 1,66 indivíduos por km2 (Amaral  et al., 2003). A população da ilha de Superagüi era anteriormente ligada ao continente por uma faixa de manguezal e foi separada em 1954 com a abertura do canal do Varadouro (Vivekananda, 2002). Quanto a aspectos de ecologia alimentar, L. caissara caracteriza-se como fauni-frugívoro, sendo sua dieta composta, basicamente, de frutos, insetos e pequenos vertebrados, consumindo também fungos, flores e exsudatos (Lorini & Persson, 1994; Prado, 1999). A freqüência desses itens na dieta varia conforme sua sazonalidade e distribuição, mas, em média, presas compõem 10% da dieta, frutos participam com 75%, fungos representam 13% e resinas, flores e néctar somam 2% (Prado, 1999). Com relação à área de uso, observou-se que um grupo de L. caissara ocupa uma área aproximada de 250 ha, com 19% de sobreposição (Prado, 1999), sendo considerada uma das maiores do gênero. Em relação ao orçamento temporal, de modo geral 56% referem-se a deslocamento, 29,4% a alimentação e forrageio e 14% a atividades sociais (Prado, 1999).

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  A espécie é endêmica da Mata Atlântica costeira e se distribui por uma estreita faixa que vai do extremo sul do Estado de São Paulo ao extremo norte do Estado do Paraná. Nos limites paulistas de distribuição, o último levantamento realizado em 2000 (Prado et al., 2003) confirmou a presença da espécie na planície do Ariri, município de Cananéia. Na porção paranaense da área de ocorrência,  L. caissara está presente na ilha de Superagüi e nas planícies do vale do rio dos Patos e Sebuí (Lorini & Persson, 1994). Estima-se que a área de distribuição da espécie totalize cerca de 244 km2(Schmidlin, 2004).

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Dentre os limites de distribuição, 76% estão protegidos por Unidades de Conservação de Proteção Integral. No Paraná, corresponde ao PARNA do Superagüi, contemplando 14.500 ha de hábitat disponível para a espécie. Em São Paulo, o PE de Jacupiranga contempla quase 2.000 ha na planície do Ariri, porém esta Unidade não se consolidou e por isso não oferece proteção efetiva à espécie. Os demais 24% da área de ocorrência estão tenuemente protegidos sob o status de Uso Sustentável. No Paraná, a APA de Guaraqueçaba contempla a planície do Sebuí (aproximadamente 3.000 ha) e em São Paulo, a APA Cananéia-Iguape-Peruíbe oferece proteção ao restante da planície costeira do Ariri (4.900 ha).

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  As principais ameaças à espécie são o pequeno tamanho populacional e a restrita distribuição geográfica. Aliado a isso, o isolamento da população da ilha de Superagüi impossibilita a manutenção do fluxo gênico entre ilha e continente, o que agrava o quadro de vulnerabilidade. A perda de hábitat também é um fator importante, principalmente para as populações continentais. Dentre as fontes de pressão ao hábitat estão: 1) o turismo desordenado, principalmente em Superagüi e Ariri; 2) a descaracterização cultural e a falta de alternativa de renda das comunidades locais; 3) a especulação imobiliária; e 4) a multiplicação de empreendimentos comerciais (e/ou agropastoris) dentro da área de distribuição da espécie, o que influi no aumento e diversificação da pressão sobre os recursos naturais. A não-consolidação de Unidades de Conservação na região, bem como a fiscalização inexpressiva, contribui também para a perda do hábitat e para a exposição da espécie a apanho e abate.


  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Deve-se considerar o manejo em cenário de metapopulação, possibilitando fluxo gênico entre as populações continentais e insular. Esforços de translocação devem ser empreendidos para o incremento do tamanho populacional e retenção da diversidade genética, utilizando-se áreas florestais contínuas, vicinais às porções de distribuição continental. A consolidação do programa de educação ambiental e de extensão no Parque Nacional do Superagüi e a implementação de um programa similar, adequado à realidade do continente, são importantes para efetivação dos esforços de conservação da espécie. No que se refere à pesquisa, são prioridades estudos sobre: 1) genética; 2) pressões no continente; 3) distribuição; 4) demografia, ecologia e comportamento no continente.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Participaram dos primeiros estudos sobre a espécie: Maria Lucia Lorini e Vanessa Persson (UFRJ), Luiz Cézar Machado Pereira (PUC/PR), Karina Luiza de Oliveira (SPVS). Desde 1995 o IPÊ vem desenvolvendo o Programa Integrado para a Conservação do Mico-Leão-da-Cara-Preta. Fizeram parte desse projeto Laury Cullen Jr., Fabiana Prado, Paula Beatriz Mangini e Cristiana Saddy Martins. Atualmente, Alexandre Túlio Amaral Nascimento, Lucia Agathe J. Schmidlin e Claudio B. ValladaresPádua coordenam o programa. No Comitê Internacional para Conservação dos Micos-Leões, o subcomitê da espécie é presidido por Guadalupe Vivekananda. Claudio Valladares-Padua (IPÊ) e Pedro Manoel Galetti Júnior (UFSCar) desenvolvem projetos com a espécie mediante financiamento do Programa de Proteção às Espécies Ameaçadas de Extinção da Mata Atlântica Brasileira, coordenado em parceria pela Fundação Biodiversitas e CEPAN.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção


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