Meio ambiente

sexta-feira, outubro 14, 2011

Rabo-de-junco-de-bico-laranja


Phaethon lepturus Daudin, 1802

NOME POPULAR: Rabo-de-junco-de-bico-laranja (PE);  
Rabo-de-palha-de-bico-laranja e grazina (BA)
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Pelecaniformes
FAMÍLIA: Phaethontidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): não consta
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – D1 + 2

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Phaethon lepturus é uma ave marinha de médio porte e hábitos pelágicos, com as penas centrais da cauda longas e finas. É um pouco menor e mais leve do que P. aethereus, pesando cerca de 300 g. Tem a maioria do corpo branco, com as pontas das escapulares negras, as partes superiores brancas e não listradas, como em P. aethereus. Destaca-se uma faixa negra na altura dos olhos e o bico varia de amarelo a alaranjado forte. Também se reproduz em ilhas oceânicas e utiliza as cavidades nos penhascos e espaços entre as rochas no solo como locais para o ninho. Essas aves preferem locais inacessíveis e algumas vezes utilizam buracos em árvores. Os comportamentos de corte são realizados principalmente em voo e ocorre em grupos compostos por um ou mais pares. Vocalizam muito enquanto realizam manobras aéreas, que são sincronizadas e rápidas. No ninho, normalmente, ficam em silêncio. A espécie é monogâmica e os casais costumam permanecer juntos por vários anos, apresentando também fidelidade ao local de ninho. Põe apenas um ovo, que é incubado pelo casal por cerca de 44 dias, em ninho com pouco ou nenhum material de forração. O filhote, nidícola, nasce com uma penugem acinzentada e permanece no ninho, recebendo cuidados e alimentação dos pais, por um período que varia entre 70 e 85 dias. Depois que abandona o ninho, não recebe mais esses cuidados. Não há informações sobre a idade de maturação sexual. Assim como P. aethereus, desloca-se no solo com dificuldade e é péssima nadadora. Também não existe diferença aparente entre os sexos. Phaeton lepturus forrageia sozinho ou em pares e captura suas presas por meio de mergulhos superficiais. Alimenta-se preferencialmente de peixes-voadores e lulas, mas tende a capturar presas menores do que as capturadas por P. aethereus. Comumente, essas aves alimentam-se de crustáceos, especialmente caranguejos. Em Fernando de Noronha, há registros de restos do caranguejo-aratu (Grapsus grapsus) em ninhos de P. lepturus.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

  A espécie ocorre nas Antilhas e em outros mares quentes tropicais e subtropicais, geralmente em regiões oceânicas. No Brasil, a única população conhecida está localizada no arquipélago de Fernando de Noronha. Várias raças são reconhecidas e geograficamente separadas: P. l. lepturus e P. l. fulvus ocorrem no oceano Índico, P. l. catesbyi no oceano Atlântico ocidental e P. l. ascensionis no oceano Atlântico central e oriental, enquanto que P. l. dorotheae ocorre no oceano Pacífico e ilhas da Europa. No Brasil, os registros atuais mostram que sua maior colônia no Atlântico Sul encontra-se em Fernando de Noronha, com uma população, aparentemente estável, de cerca de 300 indivíduos. No arquipélago, existem registros de ninhos nas ilhas do Morro da Viuvinha, do Chapéu, Rasa, do Meio, da Rata, Sela Ginete e Dois Irmãos, bem como nas encostas rochosas da praia do Atalaia. É provável que existam ninhos também nas encostas da ilha principal. Em Abrolhos, o registro da espécie ocorreu em 1992, quando foram encontrados dois indivíduos em ninhos e cinco em vôo. Em anos subsequentes, a espécie continuou sendo registrada, porém nunca obteve sucesso reprodutivo.
  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  PARNA Marinho de Fernando de Noronha (PE). Registros regulares no PARNA Marinho dos Abrolhos (BA) e registros ocasionais na REBIO Marinha do Atol das Rocas (RN).
  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  É a espécie mais abundante do gênero e a população mais representativa está no Caribe, reunindo mais de 10.000 indivíduos. Nas ilhas Christmas (oceano Índico), sofreu rápido declínio, mas agora a população parece ter-se estabilizado entre 6.000 e 12.000 casais. O abandono do ninho é uma causa importante de falha na reprodução durante o estágio de incubação, tendo em vista os encontros agonísticos entre o casal e intrusos co-específicos, na disputa por esses locais. Esse comportamento agressivo causou sérios problemas à população da espécie em Punta Cruz, Cayo Luis Peña, uma inabitável ilha do Refúgio Nacional de Vida Silvestre de Culebra, em Porto Rico, em 1986. No entanto, assim como para P. aethereus, a deterioração dos habitats e a interação com animais introduzidos nas ilhas são as maiores ameaças, principalmente a predação por ratos e gatos. Da mesma forma, o turismo desordenado e desorientado é outro fator estressante para as aves. Em Abrolhos, existem cabras, coelhos, gatos e ratos. Em Fernando de Noronha, a presença de gatos, ratos e talvez do lagarto (Tupinambis merianae) é um sério problema para as aves, de forma que é ainda preocupante o crescimento populacional desses animais exóticos nos sítios reprodutivos da espécie. 
  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  É recomendável avaliar a presença de predadores e competidores pelos buracos utilizados pelas aves para a reprodução nas ilhas e estabelecer protocolos de controle. Também é importante erradicar os animais introduzidos, principalmente gatos e ratos, das ilhas onde ocorre a reprodução da espécie, além de avaliar a presença e estabelecer protocolos de controle nas outras ilhas potencialmente disponíveis. Reavaliar o programa de visitação em Fernando de Noronha, a fim de evitar a proximidade dos turistas aos ninhos, e obter informações sobre dinâmica populacional e ecologia reprodutiva da espécie são outras ações necessárias, assim como buscar novos ninhos em Abrolhos e identificar ameaças nos locais com potencial de reprodução.
  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO

  Albano Schulz-Neto (Programa de Pós-graduação em Zoologia – UFPB); Vania S. Alves, Ana Beatriz A. Soares, Gilberto S. do Couto e Anna Beatriz B. Ribeiro (Grupo de Estudos de Aves Insulares do Laboratório de Ornitologia/UFRJ); Márcio Amorim Efe (CEMAVE/IBAMA).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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