NOME POPULAR: Guariba (CE, PI, MA); Capelão (CE, PI)
SINONÍMIAS: Alouatta belzebul por Groves (2001)
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Primates
FAMÍLIA: Atelidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta
Anexos da CITES: Anexo II
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): CR
Brasil (Biodiversitas, 2002): CR – C1 + 2a(i)
- INFORMAÇÕES GERAIS
Alouatta belzebul ululata é uma das três subespécies reconhecidas de Alouatta belzebul, embora acentuadas características morfológicas e biológicas levem Gregorin (1996) a considerá-la uma espécie válida. Entre essas características, a mais marcante é o dicromatismo sexual: os machos freqüentemente são negros, com as extremidades dos membros, cauda e parte do dorso em tom ruivo e a lateral com pêlos dourados; a coloração das fêmeas é, na maioria das vezes, pardo-amarelada, com uma tonalidade olivácea (Gregorin, 1996). Alouatta belzebul ululata habita em geral áreas de vegetação aberta de transição, com alta freqüência de babaçu (Gregorim, op. cit.), tendo sido encontrado em áreas de floresta ombrófila aberta e floresta estacional semidecidual em meio à Caatinga, no Ceará (Oliveira et al., submetido), e até mesmo em vegetação de mangue, no Piauí e no Maranhão (Oliveira et al., dados não publicados). Como os demais taxa do gênero, tem uma dieta basicamente folívoro-frugívora (Langguth et al., 1987; Chivers & Santamaría, 2004), o que o torna um animal pouco ativo, de movimentos lentos, passando mais de 70% de seu tempo em descanso (Queiroz, 1995). Tais características favorecem a caça, tendo sido registrada em algumas áreas uma aparente predileção por esses animais (Oliveira et al., submetido).
- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Bonvicino et al. (1989), Gregorin (1996) e Hirsch et al. (1991) indicam sua ocorrência para o norte dos Estados do Maranhão e Ceará, incluindo o norte do Piauí, estendendo-se desde o município de Humberto de Campos (MA), a oeste, até São Benedito (CE), a leste. Sua distribuição mais ao sul é considerada por Gregorin (op. cit.) a região de transição entre as florestas de babaçu e a Floresta Amazônica. Von Ihering (1914) indicou a ocorrência de A. b. ululata até o rio São Francisco, com populações distribuídas ao longo da Mata Atlântica entre os Estados do Rio Grande do Norte e Alagoas. Essas populações são reconhecidas como A. b. ululata, táxon endêmico ao Nordeste brasileiro, cuja distribuição atual estende-se do norte do Maranhão, a partir do município de Humberto de Campos, até o noroeste do Ceará (Guedes et al., 2000; Gregorin, 2006), na região da serra da Ibiapaba, tendo como área de ocorrência mais a leste o município de Coreaú (Oliveira et al., submetido). No Piauí, sua ocorrência foi confirmada nos municípios de Ilha Grande do Piauí, Caxingó, Campo Maior e Jatobá do Piauí (Oliveira et al., dados não publicados), este último representando a área de ocorrência mais ao sul.
- PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Não há registros de populações de A. b. ululata em Unidades de Conservação de Proteção Integral, mas é quase certa a sua ocorrência no PARNA de Ubajara (CE), que desempenha um importante papel para a conservação das populações que habitam a estreita faixa de mata da face leste da Serra da Ibiapaba (CE). Populações de A. b. ululata ocorrem na APA Federal da Serra da Ibiapaba (CE/PI), na APA Federal do Delta do Parnaíba (CE/PI/MA) e na RESEX Marinha do Delta do Parnaíba (PI/MA).
- PRINCIPAIS AMEAÇAS
Habitando uma área restrita, com longo histórico de ocupação humana, as populações de A. b. ululatasofrem com a redução e fragmentação de seu hábitat. A caça, porém, pode estar representando um papel preponderante no processo de extinção da espécie, como já alertado por Coimbra-Filho et al. (1995). Em algumas localidades na serra da Ibiapaba, parece existir uma caça preferencial por esses animais (Oliveira et al., submetido). No município de Cocal (PI), as últimas populações de A. b. ululata estão condenadas a desaparecer muito brevemente, vitimadas pela caça.
- ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
É importante a localização e o mapeamento das populações remanescentes da espécie, assim como a avaliação sobre a situação de ameaça em cada localidade. A fiscalização contra a caça é a principal estratégia de ação para a maioria das localidades, especialmente ao longo da serra da Ibiapaba (CE). Em áreas muito fragmentadas, como as matas remanescentes no vale do rio Longá (PI), a criação de um conjunto de Unidades de Conservação é necessária para uma ação mais efetiva contra a caça, envolvendo principalmente as áreas de mata das fazendas desapropriadas para reforma agrária, tanto pelo governo federal quanto pelo governo estadual. A restrição ao uso e ocupação dos morros ainda com vegetação natural é suficiente para a proteção das populações que estão em meio à Caatinga na Área de Proteção Ambiental da Serra da Ibiapaba. As populações que habitam a Área de Proteção Ambiental da Foz do Rio Parnaíba e a Reserva Extrativista da Foz do Rio Parnaíba (PI/MA) estão aparentemente protegidas, embora as duas Unidades de Conservação não sejam diretamente voltadas para a proteção de espécies ameaçadas. A revisão taxonômica desta espécie é necessária e pode trazer fortes implicações para a sua conservação.
- ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO
O CPB/IBAMA vem realizando o mapeamento das áreas de ocorrência de A. b. ululata nos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão, para definição e implementação de medidas de conservação da espécie.
Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.