sábado, setembro 10, 2011

Coatá-da-testa-branca


Ateles marginatus Geoffroy, 1809 


NOME POPULAR: Cuamba (PA); Guatá (MT); Coatá;  
Coatá-da-testa-branca; Macaco-aranha (PA e MT)
SINONÍMIAS: Ateles belzebuth marginatus; Ateles frontalis; Ateles  
albifrons (Kellogg & Goldman, 1944)
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Primates
FAMÍLIA: Atelidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: PA (VU)
Anexos da CITES: Anexo II
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): EN
Brasil (Biodiversitas, 2002): EN – A4cd

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Ateles marginatus, à exceção da testa, que lhe confere o nome vulgar (coatá-da-testa-branca), é um primata totalmente preto, com pelagem bastante brilhosa. Na transição para a fase adulta, os indivíduos também passam a apresentar as costeletas brancas, que vão ficando mais evidentes com o avanço da idade. Como partem da região temporal e se unem embaixo da boca, as costeletas, juntamente com a testa, desenham a forma de um losango branco no rosto dos indivíduos adultos. Os cuambas habitam as florestas altas, principalmente de terra firme, em bom estado de conservação, ocorrendo normalmente entre 10 e 500 m de altitude. Essencialmente arborícolas, são muito ágeis, movimentando-se por meio de locomoção suspensória, caracterizada pela braquiação, que é auxiliada por longa cauda preênsil, capaz de sustentar o corpo e servindo como quinto membro. Os coatás formam grupos médios de 8 a 30 indivíduos aproximadamente, que apresentam um comportamento de fissão-fusão do grupo, em que são formados subgrupos de 3 a 17 indivíduos, mantidos ao longo de um dia geralmente (mas podem manterse por mais de um), voltando a se agrupar, posteriormente, no grupo social integral. Alguns autores 
sugerem que esse comportamento pode estar relacionado à obtenção de um forrageio otimizado, uma vez que as espécies de coatás geralmente possuem dieta altamente frugívora (van Roosmalen, 1985;Symington, 1988; Nunes, 1998). A poligamia é característica para o gênero Ateles, que apresenta recrutamento muito lento, com intervalo entre nascimentos em torno de 24 meses. Um grupo de 26 indivíduos que habita a Floresta Nacional do Tapajós ocupa uma área de aproximadamente 400 ha, mantendo sobreposição com um grupo vizinho na porção sudeste de sua área de vida. O tamanho da área de vida é equivalente ao utilizado por grupos de outras espécies de macaco-aranha estudados na Amazônia  (van Roosmalen, 1985; Symington, 1988; Nunes, 1998). No entanto, a área mais regularmente utilizada, designada como “área-núcleo”, corresponde a praticamente um terço da área de vida, variando de 100 a 200 ha. Na região do baixo rio Tapajós, a abundância dos cuambas difere significativamente entre os fragmentos de floresta e mata contínua. Os tamanhos dos agrupamentos avistados por Ravetta & Ferrari (2005) variaram de 3 a 8 indivíduos, em média, sendo geralmente compostos de um número maior de fêmeas do que de machos. Embora pouco freqüentes, as vocalizações, que se assemelham a latidos de cães e a um relinchar, apresentam duração que varia de apenas alguns segundos até vários minutos. Provavelmente, servem como comunicação entre os subgrupos dispersos pela área de vida e, 
conseqüentemente, para reagrupar o grupo social integral. 

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Ao sul do rio Amazonas, entre os rios Tapajós e Tocantins, sem informação sobre o seu limite sul. Essa extensão foi estipulada com base nas informações do holótipo que tem como localidade-tipo o município de Cametá, situado na região de Belém (Kellogg & Goldman, 1944). Atualmente, a espécie ocorre ao sul do rio Amazonas, entre os rios Tapajós e Xingu, até as margens do rio Teles Pires (Martins et al., 1988 & Silva Júnior, com. pess.).

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  A FLONA do Tapajós (PA) era, até poucos anos, a única Unidade de Conservação no interflúvio Xingu-Tapajós a abrigar populações de Ateles marginatus. No entanto, desde 1998, várias Unidades de Conservação foram decretadas no interflúvio em que a espécie está distribuída. Portanto, sua presença é presumida para as FLONAs de Altamira, Itaituba I e II e, mais recentemente, para três Unidades de Conservação de Proteção Integral: EE da Terra do Meio (3.387.799 ha), PARNA da Serra do Pardo (447.343 ha) e REBIO Nascentes da Serra do Cachimbo (343.619 ha), todas decretadas em 2005, no Estado do Pará. No Mato Grosso, o governo estadual criou a REBIO de Apiacás, a EE do Rio Ronuro e o PE Cristalino, esse último com presença confirmada da espécie. 

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  A destruição de hábitat é, sem dúvida, a maior ameaça para a manutenção de populações saudáveis de coatás-da-testa-branca. O desmatamento desenfreado, causado pela exploração madeireira, formação de pastagens e, mais recentemente, pela cultura graneleira, impulsionada pelo avanço do cultivo da soja, tem alterado drasticamente a paisagem natural do interflúvio Xingu-Tapajós. A região, que vem sendo impactada desde a abertura das rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá, no início dos anos de 1970, pode sofrer ainda mais, caso essa última rodovia venha mesmo a ser asfaltada nos próximos anos. Além disso, por ser um primata de grande porte, a espécie ainda sofre pressão da caça, particularmente no Estado do Pará.

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Inicialmente, é preciso proteger, com fiscalização eficiente, as Unidades de Conservação localizadas dentro da área de ocorrência desse primata. Após o desenvolvimento de um banco de dados detalhado sobre a espécie, com informações sobre sua ecologia e história natural, poderão ser traçadas as diretrizes para a execução de um plano de manejo que vise a redução do grau de ameaça de extinção da espécie. Também é importante a criação de grandes reservas,preferencialmente de proteção integral, que possam garantir a manutenção de populações mínimas viáveis. A conectividade entre as reservas também é de importância relevante para essa manutenção, dado o fluxo gênico entre as populações conectadas.



  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  André L. Ravetta (SAPOPEMA e CI) estudou a distribuição e a abundância do coatá-da-testa-branca na região do baixo Tapajós, margem direita, entre 1999 e 2001. Atualmente, vem mapeando populações da espécie nas áreas-limite da distribuição conhecida, buscando definir com precisão seus limites de ocorrência. Na Floresta Nacional do Tapajós (PA), um grupo de 26 indivíduos está em processo de habituação, para posterior estudo sobre comportamento e ecologia. Johanna Maughan e Carlos Peres estudaram as adaptações ecológicas de um grupo de 21 indivíduos, na área da Pousada do Cristalino (MT), no verão de 2004.




Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção


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