terça-feira, novembro 15, 2011

Arara-azul


Anodorhynchus hyacinthinus (Latham, 1790)

NOME POPULAR: Arara-azul; Arara-azul-grande; Arara-preta; Araraúna
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Psittaciformes
FAMÍLIA: Psittacidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: MG (CR); PA (VU)
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): EN
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A2cd

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Anodorhynchus hyacinthinus é considerada a maior espécie de arara, podendo medir até 1 m de comprimento total. Possui um bico extremamente forte e poderoso, plumagem azul, anel perioftálmico e região em volta da mandíbula amarelos. Tem hábitos conspícuos, sendo facilmente reconhecida. Habita diversos tipos de ambientes, desde áreas florestais amazônicas até áreas mais abertas, como os cerrados do Brasil Central. Levantamentos populacionais efetuados em diferentes épocas, nas áreas de distribuição da espécie, somam uma população de aproximadamente 6.500 indivíduos, assim distribuídos: cerca de 4.200 aves na porção centro-sul do Pantanal (Mato Grosso do Sul) e 800 na porção mais ao norte (Mato Grosso), também no Pantanal; cerca de 1.000 aves no Brasil Central, na região conhecida como “Gerais” (confluência dos Estados de Tocantins, Piauí, Maranhão e Bahia),  e aproximadamente 500 indivíduos na região amazônica, ao sul do rio Amazonas. Existem também relatos de cerca de 200 aves vivendo nas regiões abertas da Bolívia e não se sabe quantos indivíduos restam no Paraguai. Estas araras se reproduzem em cavidades de árvores, palmeiras ou paredões rochosos, dependendo da região onde são encontradas; embora não iniciem uma cavidade, podem escavar uma já existente, moldando-a de acordo com suas necessidades. Estudos populacionais no Pantanal revelam que as araras-azuis têm baixas taxas reprodutivas, com postura média de dois ovos e comumente apenas um filhote sobrevivente. Os filhotes permanecem nos ninhos por cerca de 107 dias e, mesmo depois que o abandonam, continuam dependentes dos pais por um período que pode variar de 12 a 18 meses. A baixa disponibilidade de cavidades parece ser um fator limitante para reprodução da espécie. Sua alimentação é bastante especializada. As araras-azuis-grandes se alimentam basicamente de duas a três espécies de cocos em cada localidade de ocorrência, destacando-se a bocaiúva, o acuri, a piaçava e o catolé. Podem alimentar-se de outras plantas e também utilizar barreiros, mas tais itens não chegam a compor mais do que 10% de sua dieta. 

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  A espécie, provavelmente, apresentava distribuição ampla e contínua, na forma de um semicírculo, abrangendo as regiões amazônica (provavelmente apenas ao sul do rio Amazonas), de cerrados e de pantanal. Desta forma, ocorria desde o leste do Amazonas, estendendo-se ao Pará e Amapá e até os Estados de Tocantins, Maranhão, Piauí e oeste da Bahia, seguindo na direção sul até Goiás, norte e noroeste de Minas Gerais e depois para oeste, até Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Há registros também para a Bolívia e o Paraguai. A distribuição atual da espécie é disjunta, existindo três populações principais. A menor delas está na região amazônica, a partir do norte do Pará, em direção ao rio Madeira (Estado do Amazonas), seguindo até ao sul da Serra do Cachimbo (PA). A partir daí, distribui-se em direção ao leste, na região do rio Araguaia, ilha do Bananal e região de Parauapebas (PA); porém, informações mais precisas sobre estas populações e suas áreas de ocorrência são escassas. A segunda população ocorre no Pantanal, desde o sul do Mato Grosso do Sul, estendendo-se ao oeste até o Paraguai e a Bolívia. Indivíduos desta população também se distribuem para o norte, alcançando o Mato Grosso, próximo à região de Barão de Melgaço. Finalmente, a leste, distribui-se até a região do Alto Taquari (MS), possivelmente alcançando também Crixás e Uruaçu, em Goiás. A terceira população, que ocorre nos “Gerais”, estende-se desde as proximidades de Carolina e Araguaína, no Maranhão, seguindo a leste até o centro-sul do Piauí e daí para o sul, passando pelo chapadão ocidental da Bahia até próximo de São Domingos (GO). Segue para o noroeste, pelas encostas da serra Geral de Goiás, passando pelo Jalapão e alcançando a região da terra indígena dos Craôs, no Tocantins. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Dada a sua ampla distribuição, a espécie está presente em diversas Unidades de Conservação, de diferentes categorias. Na região amazônica, onde sua distribuição é mais ampla, não existem registros sistematizados em Unidades de Conservação, mas sua ocorrência é bastante provável em várias delas. No Pantanal, foi registrada nas reservas do SESC (MS), na RPPN Fazenda Rio Negro (MS) e no PARNA do Pantanal Mato-grossense (MT/MS). Na região dos Gerais, as Unidades de Conservação de Proteção Integral são a EE do Jalapão  e PE do Jalapão (TO); e PARNA das Nascentes do Parnaíba e EE Uruçuí-Una (PI).

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  As principais ameaças à espécie são a destruição de ambientes, o tráfico e a caça, que variam de intensidade em cada uma das regiões de ocorrência. No Pantanal, a arara-azul sofre com a descaracterização do ambiente decorrente de desmatamento e queimadas para a criação de áreas destinadas à pecuária. No Estado do Tocantins, a principal ameaça refere-se à instalação de hidrelétricas nos rios da região, sobretudo no rio Tocantins. Na região Norte, existe ainda demanda pela coleta de penas para a confecção de artesanato indígena, enquanto em áreas como a serra do Cachimbo, seguindo para o norte, o desmatamento tem sido o fator mais importante. Nos Gerais, o assombroso desmatamento dos cerrados para a produção de soja está determinando o desaparecimento da espécie. Além disso, o intenso tráfico de aves vivas ainda existente nos Estados do Tocantins, Bahia e Piauí (tendo a cidade de Corrente como porta de saída) contribui para a redução das populações na região. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  O Comitê para a Conservação da Arara-azul, criado pelo IBAMA em 1996, vem discutindo diversas estratégias, baseando-se sobretudo na população do Pantanal, que vem sendo estudada há muitos anos. Recentemente, um estudo sobre a distribuição e status populacional foi realizado na região dos Gerais. Como recomendação do Comitê, o IBAMA está finalizando a elaboração de um plano de ação nacional para a espécie, a ser publicado em breve. Entretanto, algumas ações ainda são necessárias, destacando-se o levantamento do status da população sobretudo na região amazônica, implantação de projetos de pesquisa com envolvimento das comunidades locais, desenvolvimento e aplicação de técnicas de manejo de ovos, ninhos e filhotes, caso seja uma necessidade identificada, e a criação de Unidades de Conservação nas áreas de ocorrência.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

Neiva Guedes (UNIDERP); Paulo de Tarso Zuquim Antas (SESC Pantanal); Pedro Scherer Neto (MHNCI); Sandro Parreira (Naturae); Carlos A. Bianchi (Oregon State University, EUA); Yara Barros e Carlos  Yamashita (IBAMA).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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