quinta-feira, novembro 17, 2011

Ararinha-azul

Cyanopsitta spixii (Wagler,1832)


NOME POPULAR: Ararinha-azul
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Psittaciformes
FAMÍLIA: Psittacidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Extinta
Estados Brasileiros: não consta
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): CR
Brasil (Biodiversitas, 2002): EW




  • INFORMAÇÕES GERAIS 
  Cyanopsitta spixii é um dos psitacídeos neotropicais mais ameaçados de extinção. Está Extinto na Natureza e existem atualmente cerca de 60 indivíduos em cativeiro. Esta ave é endêmica da Caatinga baiana, de uma área estreita no vale do rio São Francisco. Os representantes da espécie medem aproximadamente 57 cm e possuem a plumagem azul, mais escura nas costas, asas e lado superior da cauda. Têm cabeça azul-acinzentada e mais pálida que o corpo, sendo o lado inferior da cauda cinza-escuro. A área nua na face e o anel perioftálmico são pretos, o bico é preto-acinzentado, a íris é amarela, as pernas têm coloração cinza escuro e as asas são muito longas e estreitas. Não apresentam dimorfismo sexual de plumagem. Espécie rara, após sua descoberta por Spix, em 1818, foi muito pouco registrada novamente. Estima-se que sua população seria composta, no início do século passado, por aproximadamente 30 pares. Em 1986, a espécie foi redescoberta na natureza, com a localização dos três últimos exemplares selvagens em Curaçá, nordeste da Bahia. Em 1990, foi encontrado um último exemplar remanescente neste local, que desapareceu em outubro de 2000. A espécie está associada às áreas de vegetação mais alta, como as que ocorrem em margens e várzeas dos riachos estacionais existentes na Caatinga. Nesses locais, são encontradas muitas caraibeiras (Tabebuia caraiba), que são utilizadas para repouso, nidificação e obtenção de alimento, parecendo haver fidelidade a esse tipo de hábitat. Dados históricos e observações do último exemplar selvagem indicam que a espécie pernoita em facheiros (cactácea, Pilosocereus sp.), provavelmente para proteção. Foi registrada a utilização de dez espécies vegetais como alimento pelo exemplar selvagem remanescente, que em 81% dos registros de alimentação utilizou as euforbiáceas pinhão (Jatropha molissima) e favela (Cnidoscolus phylacanthus), espécies que não estão distribuídas uniformemente no ambiente, ocorrendo em “manchas”. A alimentação constitui-se basicamente de sementes (90,1%). O período reprodutivo está diretamente relacionado ao regime das chuvas, estendendo-se geralmente de outubro a março. Os ninhos são estabelecidos em ocos abandonados de pica-paus (Campephilus melanoleucos) ou ocos naturais formados onde galhos foram quebrados. A principal árvore utilizada para nidificação é a caraibeira (T. caraiba). A espécie se reproduz bem em cativeiro e a população cativa aumentou de 17 indivíduos (1990) para 59 indivíduos (2005).

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 
  A ocorrência histórica confirmada é o riacho Barra Grande-Melancia, no município de Curaçá, nordeste da Bahia, onde as três últimas aves foram observadas. No entanto, três localidades adicionais são reconhecidas como parte da área de distribuição histórica, tendo em vista fortes evidências de ocorrência recente: riacho da Vargem, nos municípios de Abaré e Chorrochó (Bahia); riacho Macururé, no município de Macururé, e riacho da Brígida, nos municípios de Orocó e Parnamirim, sendo este o único sítio de ocorrência histórica conhecido ao norte do rio São Francisco, em Pernambuco.
  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
  Desconhecida.
  • PRINCIPAIS AMEAÇAS
  As principais ameaças à espécie (no passado e no futuro, em caso de reintrodução) são a perda de hábitat, especificamente a mata de galeria que margeia os riachos estacionais na Caatinga. Essa perda foi ocasionada pela colonização e exploração da região ao longo do rio São Francisco durante séculos, ocorrendo retirada de madeira, fogo e sobrepastoreio (caprinos). Atividades que podem ter impacto futuro sobre a qualidade do hábitat da espécie são: projetos de irrigação para fruticultura, construção de barragens e hidrelétricas, linhas de transmissão de energia, atividades de mineração e avanço no processo de desertificação. Nos últimos 50 anos, o fator mais relevante para a extinção da espécie na natureza foi a captura para o comércio ilegal, especialmente a partir das décadas de 1970 e 1980. Além disso, o número reduzido de aves conhecidas restantes em cativeiro (12 aves pertencentes ao governo brasileiro, 42 aves mantidas pela Al Wabra Wildlife Preservation, no Qatar e três aves mantidas pelo Sr. Martin Guth, na Alemanha, uma das quais foi incorporada ao Programa de Reprodução em Cativeiro) pode gerar problemas genéticos (depressão endogâmica) e demográficos para a recuperação da espécie. 
  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
  Em 1990, objetivando estabelecer um programa de recuperação para a espécie, o governo brasileiro criou o Comitê Permanente para Recuperação da Ararinha-Azul, que foi dissolvido em 2002. Em 2005, foi criado o Grupo de Trabalho para a Recuperação da Ararinha-Azul, que está finalizando o plano de ação para a espécie, cujas principais estratégias de recuperação são os estudos da biologia de espécies com características ecológicas semelhantes às da ararinha-azul, identificação de sítios de reintrodução adequados, criação de Unidades de Conservação nas áreas de reintrodução, recuperação e estudos de hábitat, busca de populações selvagens remanescentes, aumento da população em cativeiro, reintrodução, conscientização pública, envolvimento das comunidades locais e fiscalização. Atualmente o Programa de Reprodução em Cativeiro da espécie, coordenado pelo IBAMA, envolve o Zoológico de São Paulo, a Fundação Lymington, em São Paulo, o Sr. Martin Guth, na Alemanha e a Fundação Loro Parque, em Tenerife, na Espanha, que foi a principal financiadora do Projeto Ararinha-Azul. No momento, o IBAMA também conta com a cooperação científica do Al Wabra Wildlife Preservation, e busca a futura inclusão no programa das aves mantidas por esta instituição. A estratégia do Programa de Reprodução em Cativeiro é manejar as aves cativas como uma única população, visando o aumento desta população de forma genética e demograficamente viável, possibilitando futuras reintroduções. 
  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 
  Yara Barros (IBAMA) e Marcos Da Ré (Pesquisador autônomo) trabalharam com a espécie em campo no Projeto Ararinha-Azul. Carlos A. Bianchi (Oregon State University, EUA); Carlos Yamashita (IBAMA); Pedro Scherer Neto (MHNCI); Tony Junniper e Paul Roth (Pesquisadores autônomos) também realizaram trabalhos de campo. 

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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