terça-feira, julho 26, 2011

Cação-bicudo

Isogomphodon oxyrhynchus (Müller & Henle, 1839)


NOME POPULAR: Cação-pato ou Cação-bicudo (AP e PA);  Cação-quati (MA)
FILO: Chordata
CLASSE: Chondrichthyes
ORDEM: Carcharhiniformes
FAMÍLIA: Carcharhinidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 05/04): Ameaçada
Estados Brasileiros: PA (CR)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): CR
Brasil (Biodiversitas, 2002): EN – A2abcd

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Isogomphodon oxyrhynchus é uma espécie de hábito costeiro, caracterizada pela cabeça estreita e achatada, com o focinho pontiagudo e triangular em vista dorsal e olhos relativamente pequenos, desprovidos
de membrana nictitante (Compagno, 1984). Ocorre sobre plataformas continentais largas, adjacentes a
costas com extensos manguezais e drenagem de grandes rios, incluindo o Amazonas, sobre fundos lamosos ou rochosos e águas turbulentas e turvas (Compagno, 1984). Comprimento máximo verificado de
152 cm; tamanho ao nascer entre 38 e 41cm (Compagno, 1984). Estudos sobre a biologia, a ecologia e
a pesca do cação-quati foram desenvolvidos em parte de sua área de distribuição (Maranhão). A espécie
tem parâmetros biológicos limitantes (fecundidade de 2-8 embriões, gestação de 12 meses, ciclo reprodutivo provavelmente bianual) e uma baixa taxa de crescimento intrínseco populacional, o que a torna
altamente vulnerável e suscetível ao declínio. O recrutamento à pesca ocorre cerca de dois anos antes
da maturidade, limitando o potencial reprodutivo. No Norte do Brasil, onde a espécie tem a maior parte
de sua distribuição, a pressão pesqueira causada pelo esforço de pesca com o uso de redes de emalhar
continua aumentando. Em decorrência, análises demográficas indicaram decréscimo de 18,4% ao ano,
resultando em um declínio de 90% nos últimos 10 anos. No Pará, os desembarques desta espécie têm
diminuído muito nos últimos seis anos, tornando pouco freqüente a observação de carcaças, anteriormente muito comum. No Amapá também há relatos de diminuição nos desembarques. É muito provável
que na Venezuela, Trinidad e Tobago, Guianas e Suriname, onde faltam dados sobre a espécie, idênticos
declínios tenham ocorrido, pois a espécie nessas áreas está submetida ao mesmo padrão de exploração,
que é intenso e crescente. O fato da área de distribuição da espécie ser tão pequena resulta em limitação
do crescimento populacional em áreas onde decréscimos ocorreram. A presença desta espécie em bancos de areia, que tornam a pesca arriscada devido às grandes oscilações de marés, aparentemente foi o
único fator que impossibilitou que declínios em algumas regiões de sua área de ocorrência fossem ainda
mais desastrosos. Área de distribuição pequena, características do ciclo biológico e dramático declínio
populacional suportam a inclusão de I. oxyrhynchus na lista de espécies ameaçadas, merecendo medidas
urgentes de conservação e manejo.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Espécie endêmica do norte da América do Sul, no Atlântico Ocidental. Registrada no leste da Venezuela,
em Trinidad e Tobago, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e no Norte do Brasil (Bigelow & Shroeder,
1948; Cervigón, 1966; Uyeno et al., 1983; Compagno, 1984; Barthem, 1985; Lessa, 1986; Lessa et al.,
1999). No Brasil, ocorre desde o Cabo Orange, no Amapá, até a baía de Tubarão, no Maranhão. A ocorrência na Bahia (13°S) (Compagno, 1984) nunca foi confirmada nos levantamentos realizados, incluindo o Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva
(REVIZEE), nem pelos pescadores locais, e possivelmente trata-se de um erro de identificação.

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  PARNA Cabo Orange e EE Ilhas de Maracá e Jipioca (AP); APA Arquipélago de Marajó (PA); APA
Reentrâncias Maranhenses (MA).

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  No Pará, a espécie é capturada como fauna acompanhante em redes de arrasto de fundo que tem como
alvos a piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) e a dourada (B. rouseauxii). É também capturada incidentalmente por redes de emalhar de deriva que têm como alvos a serra Scomberomorus brasiliensis
e a pescada amarela Cynoscion acoupa, representando cerca de 10% da captura de elasmobrânquios
do Maranhão (Lessa, 1986; Lessa et al., 1999). Uma Captura por Unidade de Esforço (CPUE) de 71
kg/km/h foi obtida para a espécie no Maranhão. Entretanto, o esforço de pesca sobre os teleósteos tem
crescido nos últimos anos devido ao aumento no preço da carne e, principalmente, das bexigas natató-
rias. Da mesma maneira, tem crescido nessa área a pesca que tem tubarões como alvos. A espécie não
consegue compensar as altas mortalidades (natural e por pesca) devido às características biológicas que
incluem baixa taxa de crescimento populacional intrínseco. Esses resultados levam a que a espécie não
seja capaz de suportar a pressão pesqueira (Lessa et al., 2000; Santana & Lessa, 2002). A situação é
de risco de extinção para a espécie, particularmente devido ao endemismo e ao aumento da pressão da
pesca.

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  O monitoramento do esforço de pesca e a fiscalização de barcos usando redes de emalhar e de arrasto
são necessários. A liberação de exemplares vivos deve ser incentivada. Recomenda-se a ampliação dos
estudos sobre a espécie nos Estados do Pará e Amapá. Recomenda-se ainda que a área da Área de Prote-
ção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses seja ampliada, a fim de conter a parte marinha que inclui
os bancos rasos onde a espécie tem seu berçário e passa parte de seu ciclo de vida.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Rosangela Lessa e Francisco Marcante Santana (UFRPE); Vandick Batista (UFAM); Zafira Almeida
(UEMA); e Patrícia Charvet-Almeida (UFPB).
Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquise neste blog

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...