quinta-feira, julho 21, 2011

Tigrisoma fasciatum

Tigrisoma fasciatum(Such, 1825)

NOME POPULAR: Socó-jararaca (PR); Socó-boi-escuro
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Ciconiiformes
FAMÍLIA: Ardeidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: MG (CR); PR (EN); SP (CR); RJ (PEx)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): não consta
Brasil (Biodiversitas, 2002): EN – C2a(i)



  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Tigrisoma fasciatum é uma espécie de socó que se caracteriza pela plumagem escura na qual predomina
– nas partes dorsais – a cor negra, finamente barrada de branco, apresentando a coroa totalmente preta. A
região ventral é branca, com tons amarronzados nos lados da barriga e uma linha irregular amarronzada
que transpassa o centro de seu longo pescoço. Salienta-se o colorido das partes nuas: a íris é amarela,
a região periocular e a base do bico são verde-amareladas muito chamativas e os tarsometatarsos são
curtos e verdes. Tais características se destacam quando a ave é observada na natureza. Jovens são
principalmente marrom-acastanhados, com pintalgos de vários tamanhos e formas dispersos pelo corpo,
mas com a região ventral clara, sendo notável a linha branca que percorre todo o pescoço, contrastando
com o colorido lateral. Trata-se de uma espécie muito tímida, que alça vôo assim que nota a presença
humana, eventualmente emitindo um grito crocitante e seguindo pelo curso do rio, desaparecendo
rapidamente, protegida pela vegetação densa. Quando encontra um obstáculo fluvial que não lhe permite
tal manobra (uma queda de água muito alta, por exemplo), escolhe uma pedra, onde pousa esticando o
pescoço, em postura de alerta. Embora prefira percorrer o leito dos rios, freqüentando tanto as margens
quanto as pedras que afloram da água, pode empoleirar-se em árvores altas. Via de regra, porém, ocupa
exclusivamente os ambientes ribeirinhos, sendo que até o presente não há registro de sua presença fora
desse hábitat (no interior da floresta, por exemplo). Alimenta-se de toda a sorte de pequenos organismos
que vivem em ambientes fluviais, preferindo peixes de pequeno porte, como cascudos e Characidium
spp., mas também insetos e larvas diversos e talvez moluscos, crustáceos e até anfíbios e pequenas
cobras. É uma espécie com grande exigência de hábitat: restringe-se a rios de pequeno a médio porte, de
cabeceiras oligotróficas e correnteza rápida, em terrenos de orografia montanhosa, com águas límpidas
e transparentes, sempre densamente florestados em suas margens.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Distribui-se por uma extensa região, que engloba desde o Brasil Central (MT e GO) até o Sul (RS),
inclusive o nordeste da Argentina (Misiones). Trata-se de espécie com distribuição linear, uma vez
que é estritamente dependente de rios que apresentem as características descritas acima. Por causa
desta peculiaridade, conta com escassos registros no Brasil, o que também pode ser motivado pelo seu
comportamento tímido e assustadiço, dificultando a observação e mesmo o estudo de sua biologia. Registros históricos, portanto anteriores a 2005, foram obtidos nos Estados do Mato Grosso (Chapada dos
Guimarães, alto rio Guaporé), Goiás (Chapada dos Veadeiros), Minas Gerais (Triângulo Mineiro e alto
rio Paranaíba – localidades não precisamente indicadas), Rio de Janeiro (Campos), São Paulo (Estação
Ecológica Juréia-Itatins), Paraná (Salto do Cobre no rio Ivaí, Porto Xavier da Silva e ilha do Mutum
no rio Paraná, represa do rio São João no Parque Nacional do Iguaçu, serra da Prata no litoral-sul e rio
Taquaral próximo à Estação Ferroviária Marumbi), Santa Catarina (Corupá, Lontras e Blumenau) e Rio
Grande do Sul (Taquara). Não há registros recentes nos Estados do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Sul, havendo poucas observações da espécie feitas nos últimos 10 anos no Brasil. Registros
recentes foram feitos no Pará: serra do Cachimbo (F. Rodrigues, in litt., 2005); São Paulo: parte baixa do
Parque Estadual Intervales, um adulto e um juvenil (este fotografado) pousados próximos em rochas do
rio Quilombo, em 27 de novembro de 2002 (F. Olmos in litt., 2005); Mato Grosso do Sul: Boca da Onça,
nas proximidades do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, em 19 de dezembro de 2004; Paraná: rio
Floriano, dentro do Parque Nacional do Iguaçu, em 18 de março de 2004, Cedro (Antonina), rio São
João (Guaratuba) e Colônia Castelhanos, em Guaratuba (E. Carrano). Nesse último lugar, o registro, datado de 1997, foi filmado por Havita Rigamonti; Santa Catarina: Pirabeiraba, serra do Quiriri (Garuva)
e Parque das Cachoeiras (Corupá).

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

  PARNA da Chapada dos Veadeiros (GO); PARNA Iguaçu, PARNA Saint Hilaire-Lange, PE Marumbi,
APA de Guaratuba e APA Guaraqueçaba (PR); PE de Intervales e EE Juréia-Itatins (SP).

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  A principal ameaça à espécie é, sem dúvida, a alteração de seu hábitat, que pode ser interpretada como
modificação estrutural das florestas serranas e de planície litorânea, mas também das florestas ciliares
e estacionais, por efeito do extrativismo de essências arbóreas e, em especial, da erradicação dos ambientes originais para fins imobiliários ou de outros significados econômicos. Sua grande ligação com
o ambiente aquático induz que as intervenções indiretas na qualidade da água dos rios habitados pela
espécie também podem representar ameaças. Nesse sentido, incluem-se assoreamento e carreamento
de sedimentos, mas também despejo de dejetos, defensivos agrícolas e, em escala maior, de outras
substâncias que alteram as condições físico-químicas fluviais (poluentes acidentalmente oriundos do
descarrilamento de vagões em estradas de ferro, episódios freqüentes na porção serrana da Mata Atlântica paranaense). A retirada de rochas do leito dos rios para fins de pavimentação de estradas secundá-
rias também é uma prática bastante comum em vários pontos de sua distribuição. Em alguns Estados,
diversas outras formas de aproveitamento hídrico podem comprometer sensivelmente as populações da
espécie, com destaque para os projetos de drenagem e construção de hidrelétricas de pequeno, médio
e grande porte. A introdução de espécies aquáticas exóticas (como trutas) pode afetar negativamente
o suporte alimentar da espécie. A perturbação causada pelo turismo sem controle e a invasão de áreas
protegidas por grupos indígenas indígenas, que degradam áreas utilizadas pela espécie (caso do Parque
Estadual Intervales e Parque Estadual Marumbi) também são problemas que devem ser considerados.

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Pesquisa básica sobre a distribuição geográfica da espécie e estudos sobre ecologia populacional, formas de deslocamento e de ocupação de habitats e história natural são recomendados. Também é necessário criar Unidades de Conservação em locais onde a espécie foi positivamente registrada, assim como
incrementar as condições daquelas já estabelecidas, incluindo facilidades para a pesquisa e fiscalização.
Investigações físico-químicas de rios onde a espécie ocorre devem ser feitas, permitindo o adequado
manejo, controle e fiscalização em prol da preservação do potencial hidrológico, com aproveitamento
da questão para envolvimento em tópicos de saúde pública e educação ambiental. Recomendam-se ainda o controle e a redução das atividades potencialmente causadoras de danos em grande escala ao ambiente aquático, em particular das ferrovias em uso ao longo da serra do Mar, mas também da formação
de hidrelétricas, mesmo as de pequeno porte. O controle e a redução da prática de extração de rochas
para fins de pavimentação são também importantes.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Entre 1992 e 1993, Fernando Costa Straube (Sociedade Fritz Muller e CBRO) coordenou os projetos
“Biologia e conservação do socó-boi-escuro T. fasciatum no litoral-sul do Paraná” e “Estudo do status
de aves raras ou ameaçadas de extinção no litoral-sul do Paraná”, ambos financiados pela FBPN, dos
quais participaram Marcos R.Bornschein (Pesquisador autônomo), Bianca L.Reinert (UNESP – Rio
Claro) e Mauro Pichorim (MMA).
fonte: LIVRO VERMELHO DA FAUNA BRASILEIRA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

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