segunda-feira, outubro 10, 2011

Mico-leão-da-cara-dourada


Leontopithecus chrysomelas Kuhl, 1820 

NOME POPULAR: Mico-leão-da-cara-dourada
SINONÍMIAS: Leontopithecus rosalia chrysomelas
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Primates
FAMÍLIA: Callithrichidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: MG (CR)
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): EN
Brasil (Biodiversitas, 2002): EN – B2ab(i, v); C2a(i); E

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Leontopithecus chrysomelas é um pequeno primata que habita tanto florestas ombrófilas mais próximas do litoral como florestas semideciduais mais interioranas, com registros de ocorrência desde o nível do mar até aproximadamente 400 m de altitude e registros indiretos (obtidos a partir de entrevistas) em até 500 m (Pinto & Rylands, 1997). A área de vida de um grupo varia de 40 ha (Rylands, 1989) a 123 ha (Raboy & Dietz, 2004) e a espécie é frugívora-faunívora. Ocorre em simpatria com outro calitriquídeo – Callithrix kuhli, o que é possível graças às diferenças ecológicas entre as espécies, como técnicas e locais de forrageamento e utilização diferenciada dos estratos da floresta (Rylands, 1989), sendo que L. chrysomelas utiliza estratos mais altos. Os frutos representam o principal alimento (na Reserva Biológica de Una, BA, foram utilizadas 79 diferentes espécies de plantas); néctar e  flores são consumidos em menor proporção, assim como ovos de aves e pequenos vertebrados. Exudatos de Parkia pendula  (juerana) são explorados de forma oportunística e o forrageio por insetos ocorre em micro-habitats específicos, principalmente em bromélias epífitas (Rylands, 1989; Raboy & Dietz, 2004). Normalmente, os indivíduos dormem em ocos de árvores, mas podem utilizar também bromélias ou emaranhados de cipós. Utilizam florestas secundárias de diferentes níveis de degradação, bem como áreas de cabruca (plantações de cacau à sombra da copa da floresta nativa), que podem ser usadas como corredores, quando adjacentes a florestas (Raboy et al., 2004). Apesar dessa flexibilidade ambiental, L. chrysomelas é uma espécie essencialmente de florestas bem conservadas (Rylands, 1996), dada a necessidade da presença de ocos para a dormida e de bromélias e epífitas para forrageio por insetos – características mais comuns em florestas não alteradas. No início da década de 1990, a população total estimada na natureza situava-se entre 6.000 e 15.000 indivíduos (Pinto & Rylands, 1997).


  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  A espécie é endêmica da Mata Atlântica do sul da Bahia e noroeste de Minas Gerais, tendo como limite norte de distribuição o rio de Contas e limite sul o rio Pardo (Coimbra-Filho & Mittermeier, 1977; Pinto, 1994). A oeste, a distribuição é limitada pela presença da “mata de cipó”, formação de transição Mata Atlântica-Caatinga, associada ao aumento de altitude para o planalto de Conquista (Pinto, 1994; Pinto & Rylands, 1997). A distribuição atual da espécie também inclui florestas localizadas a sul do rio Pardo, entre este e o rio Jequitinhonha, tendo havido, portanto, uma expansão de sua distribuição, provavelmente em decorrência do assoreamento do rio Pardo e o desmatamento de suas margens (Rylands et al., 1991/1992). A área total da distribuição geográfica é estimada em cerca de 19.400 km2 e há duas lacunas na distribuição, uma na porção nordeste próxima ao litoral, entre o rio de Contas e o rio Ilhéus, e outra na porção sudeste, entre o baixo rio Pardo e o baixo rio Jequitinhonha (Pinto & Rylands, 1997). Não há explicações óbvias para essa distribuição disjunta, já que não existem barreiras geográficas. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  REBIO de Una e RPPN Ecoparque de Una (BA). 

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  As maiores ameaças são a perda e degradação de hábitat, a fragmentação florestal e o comércio ilegal. A fragmentação é mais intensa na porção oeste da distribuição, onde há predomínio de atividade pecuária. Não existem grandes blocos de mata e os fragmentos remanescentes encontram-se totalmente isolados. A maioria desses fragmentos é de floresta secundária e a retirada de madeira, para uso nas próprias fazendas, é comum, diminuindo a qualidade do hábitat disponível. Nos últimos anos, as plantações de cacau, localizadas principalmente na parte leste da distribuição, vêm sofrendo fortes alterações (Alger & Caldas, 1994). A queda do preço e o alastramento da “vassoura de bruxa” (Crinipellis perniciosa), fungo que ataca as plantações de cacau, levaram à substituição de áreas de cabruca por pastagens ou outras formas de uso do solo, que não permitem sua utilização pelo mico-leão-da-cara-dourada.  Conseqüentemente, diminui a quantidade de hábitat disponível para a espécie, além de eliminar possíveis corredores entre blocos de mata. Por outro lado, tem havido uma tendência ao raleamento das cabrucas (com a derrubada de algumas árvores nativas, para maior incidência solar). O efeito dessa prática sobre as populações de micos não é bem conhecido, mas é muito provável que seja negativo, já que a existência de árvores nativas de grande porte é essencial para a utilização das cabrucas pelos micos. A perda de hábitat pela exploração madeireira, com a conseqüente fragmentação, é intensa em toda a área de distribuição. Agravando mais a situação, L. chrysomelas ainda é uma espécie visada para o comércio ilegal. 
  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  É fundamental a criação e efetivação de novas Unidades de Conservação, principalmente de proteção integral, assim como a ampliação das já existentes, já que L. chrysomelas é encontrado em apenas uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. Uma fiscalização efetiva contra o desmatamento ilegal, intenso em toda sua área de distribuição, evitaria a perda de hábitat. A falta de informações sobre a biologia da espécie dificulta o delineamento de estratégias de conservação. Pesquisas, como análise da diversidade genética de diferentes populações, estudos ecológicos específicos, continuidade dos estudos de monitoramento, da utilização de cabrucas pelos micos e um melhor entendimento da estrutura de metapopulação tornam-se essenciais para aprimorar a tomada de decisões conservacionistas. É importante também a ampliação das atividades conservacionistas para além do entorno da Reserva Biológica Una e a continuidade do programa de reprodução em cativeiro, existente desde meados dos anos 1980.
  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  IESB; Anthony B. Rylands (Conservation International); Luiz Paulo Pinto (CI Brasil); James Dietz (University of Maryland, EUA); Backy Raboy (Smithsonian Institution, EUA); Kristel de Vleeschouwer (Royal Zoological Society of Antwerp, Bélgica). 

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção


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