Pterodroma arminjoniana (Giglioli & Salvadori, 1869)
SINONÍMIAS: Aestrelata sandaliata; Aestrelata wilsonii; Aestrelata trinitatis; Pterodroma chionopara; Pterodroma neglecta arminjoniana
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Procellariiformes
FAMÍLIA: Procellariidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: ES (EN)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – D2
- INFORMAÇÕES GERAIS
Pterodroma arminjoniana e a pardela de asa-larga Puffinus lherminieri têm sido tradicionalmente as únicas representantes da família Procellariidae com registro de reprodução em território brasileiro. Ave marinha de médio porte, mede cerca de 40 cm de comprimento, com envergadura em torno de 100 cm. Apresenta polimorfismo, com três formas distintas. A forma escura apresenta o corpo cinza-escuro. A forma clara tem dorso, cabeça e asas cinza-escuras, e garganta, peito e barriga brancos. A forma intermediária varia entre a primeira e a segunda formas. Não apresenta dimorfismo sexual. Não possui ciclo reprodutivo definido, podendo encontrar-se casais reproduzindo durante todo o ano. Fazem seus ninhos em cavidades naturais existentes nos paredões rochosos de quase todos os picos da ilha da Trindade. Assim como a pardela-de-asa-larga, P. arminjoniana também apresenta fidelidade ao ninho e ao parceiro. Os ninhos não apresentam material de construção e o único ovo branco é depositado diretamente no solo ou sobre a rocha. Ambos os adultos incubam o ovo por cerca de 50 dias. O filhote, nidícola, nasce coberto por penugem clara e permanece no ninho por cerca de três meses, sendo alimentado pelos pais. Diferentemente de outras pardelas, tem hábito diurno. Sua alimentação é pouco conhecida, mas existem registros de lulas em sua dieta.
- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
É substituto geográfico de P. neglecta do Pacífico e do Índico e dispersa-se pelas regiões tropicais e subtropicais das águas dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Porém a subespécie P. a. arminjoniana ocorre apenas no grupo Trindade/Martim Vaz (Atlântico Sul) e na ilha Round I (Mauritius - Índico). Parece reproduzir-se também na ilha Reunion, no oceano Índico. Alguns indivíduos vagantes foram registrados no Atlântico Norte e próximo à ilha Ascension. Há registros também no Reino Unido e nos Açores. Existem registros históricos de reprodução na ilha da Trindade e no arquipélago de Martim Vaz, mas atualmente pouco se conhece sobre sua reprodução em Martim Vaz. Existem registros recentes de ninhos em quase todos os picos da ilha da Trindade, porém os morros do Paredão, do Pão de Açúcar, os picos do Vigia, Nossa Senhora de Lourdes e o conjunto de rochas em frente à Ponta Sul são os sítios reprodutivos mais significativos da ilha. Porém ocorrem ninhos também nos paredões acima da praia dos Portugueses, Ponta Norte, na descida para a praia do Eme e na Ponta do Noroeste. Estimativas recentes na ilha da Trindade apontam uma população em torno de 6.500 aves.
- PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
A ilha da Trindade faz parte da Reserva Ecológica Municipal das Ilhas Oceânicas da Trindade e Arquipélago Martim Vaz (ES).
- PRINCIPAIS AMEAÇAS
O distúrbio nas colônias reprodutivas, a introdução de predadores e a interferência direta do homem são as principais ameaças à espécie. Na ilha Round I, a coleta de ovos, filhotes e adultos para consumo são a principal ameaça. A presença de gatos e ratos (Rattus rattus e R. norvegicus) na ilha da Trindade potencializa ameaças à reprodução da espécie na ilha, uma vez que, além de predadores, podem transmitir doenças e afugentar casais e filhotes de seus buracos. Existem registros de predação de filhotes pelo caranguejo nativo (Gecarcinus lagostoma), abundante na ilha, o que pode vir a ser uma ameaça diante de um desequilíbrio ecológico que promova o aumento descontrolado da população do caranguejo, já que as fragatas, seus principais predadores, também enfrentam ameaças de extinção.
- ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
A população de ratos e do caranguejo na ilha da Trindade deve ser avaliada a fim de se saber a real ameaça para P. arminjoniana e permitir a elaboração de medidas de controle. Torna-se necessário também o desenvolvimento de pesquisas de ecologia básica, biologia reprodutiva, dinâmica populacional e movimentação, para que se conheçam as ameaças à espécie na área reprodutiva e de forrageamento, bem como permitir a identificação dos reais fatores de risco à sobrevivência da espécie. Sugere-se também a transformação do arquipélago Trindade/Martim Vaz em Unidade de Conservação efetiva, com elaboração e implementação de um plano de manejo e visando também a conservação das espécies existentes.
- ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO
Francisco Pedro Fonseca Neto (ABCRN); Giovannini Luigi (LIMA/COPPE/UFRJ)
Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinç
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