terça-feira, outubro 11, 2011

Mico-leão-preto


Leontopithecus chrysopygus (Mikan, 1823) 


NOME POPULAR: Mico-leão-preto
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Primates
FAMÍLIA: Callitrichidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: SP (CR)
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): CR
Brasil (Biodiversitas, 2002): CR – C2a(ii); E

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Leontopithecus chrysopygus é considerado como fauni-frugívoro, com dieta influenciada pela sazonalidade de seu ambiente, que apresenta estações bem marcadas (Rylands, 1993), utilizando os recursos alimentares de acordo com sua disponibilidade (Passos, 1997). Os micos-leões são excelentes predadores, capturando aves e pequenos vertebrados (Valladares-Padua, 1993; Costa, 1997; Passos, 1997; Kierulff et al., 2002). Apresentam as maiores áreas de vida da família Callitrichidae (Rylands, 1993), sendo que o mico-leão-preto apresenta áreas de vida que vão de 40 (Costa, 1997) a 270 ha (Passos, 1997), com uma média de 138 ha (Valladares-Padua, 1993). Segundo Kierulff et al. (2002), o padrão de atividades (ou orçamento temporal) pode variar de acordo com muitos fatores ambientais, como a dieta e distribuição de recursos alimentares. Embora existam diferenças intra-específicas, é possível perceber tendências na espécie (Keuroghlian, 1990; Passos, 1992; Valladares-Padua, 1993; Costa, 1997; Passos, 1997). O deslocamento é a atividade que predomina, seguido pela alimentação. Tais comportamentos são realizados preferencialmente no estrato médio da vegetação (4 a 8 metros) (Costa, 1997; Passos, 1997), durante 9 a 12 horas diárias (Kierulff et al., 2002). Os micos-leões provavelmente evoluíram em florestas maduras (Coimbra-Filho, 1978; Rylands, 1993; 1996), mas a alteração de seu hábitat os deslocou para florestas secundárias. Valladares-Padua (1993) comparou a ecologia e o comportamento de quatro grupos de mico-leão-preto no Parque Estadual Morro do Diabo, em quatro ambientes distintos. Os grupos apresentaram o mesmo comportamento e a mesma ecologia, demonstrando grande plasticidade ambiental. Embora dentro do domínio atlântico, a distribuição geográfica do mico-leãopreto atinga as florestas estacionais semidecíduas, e a espécie sofre grande influência das estações em sua ecologia (Valladares-Padua, 1993; Passos, 1997). O mico-leão-preto pesa cerca de 600 g e atinge a maturidade aos 18 meses de vida. O período de gestação é de cerca de 125 dias (Valladares-Padua, 1993; Baker et al., 2002). O gênero é considerado monógamo, e a reprodução ocorre sazonalmente. A dinâmica de grupos envolve imigrações e emigrações. Em micos-leões-pretos foi descrita a dispersão natural em duos de machos sub-adultos (Valladares-Padua, 1992), e estudos genéticos detectaram a tendência de mais migração por machos que por fêmeas (Perez-Sweeney, 2000).
  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Mata Atlântica – endêmica do Brasil, no Estado de São Paulo. Antigamente, a espécie ocorreu ao longo da margem norte (direita) do rio Paranapanema, a oeste até o rio Paraná, e entre o alto rio Paranapanema e alto rio Tietê, no Estado de São Paulo (Coimbra-Filho, 1976a; 1976b; Hershkovitz, 1977). Hoje são conhecidas dez populações, na maioria em ilhas de floresta isoladas, em uma área de aproximadamente 444 km². A maior população está localizada no Parque Estadual Morro do Diabo, na região do Pontal do Paranapanema, onde se localizam outras cinco pequenas populações. Na região central do Estado estão duas populações (na Estação Ecológica de Caetetus e Fazenda Rio Claro, município de Lençóis Paulista). Recentemente foram descobertas novas populações na região leste do Estado, cerca de 200 km a leste de Caetetus, na Estação Ecológica de Angatuba, e em matas de galeria no município de Buri (Valladares-Padua et al., 2000a; Röhe et al., 2003; Silva Lima et al., 2003). 
  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  A maior população da espécie ocorre no PE Morro do Diabo, (SP). Esta Unidade de Conservação, gerenciada pelo Instituto Florestal de São Paulo, possui 37.000 ha de floresta mesófila semidecídua e abriga cerca de 1.000 indivíduos de mico-leão-preto (Paranhos et al., 2003). Na EE dos Caetetus (SP), também há uma população. Esta UC possui cerca de 2.000 ha de  floresta semidecídua e também é gerenciada pelo Instituto Florestal de São Paulo. O último estudo realizado na Unidade (Passos, 1997) estimou cerca de 23 indivíduos na população. Na recém-criada EE Mico-leão-preto (SP), que engloba quatro fragmentos de floresta semidecídua no município de Teodoro Sampaio, estima-se cerca de 60 indivíduos (Cristiana Martins, com. pess.). Esta Unidade é gerenciada pelo IBAMA e possui hábitat disponível para a espécie. A área total da unidade é de 6.700 ha. Outra população foi descrita na região leste do Estado, na EE de Angatuba (SP), com cerca de 2.000 ha, também gerenciada pelo Instituto Florestal de São Paulo. Esta área necessita de maiores investigações, e até o momento não foi realizado nenhum trabalho para estimar a população de micos-leões-pretos exixtente no local.
  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  A principal ameaça à espécie é a destruição/alteração de hábitat, seguida do desmatamento. Problemas específicos são os pequenos tamanhos populacionais, a baixa variabilidade genética e o isolamento das populações em fragmentos sem possibilidade de dispersão natural. 
  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  O conhecimento gerado com as pesquisas realizadas com o mico-leão-preto nas décadas de 1980 e 1990 confirmou o status da espécie, descrita como “Criticamente em Perigo” pela União Mundial para a Natureza. O diagnóstico desta situação levou ao estabelecimento de um programa de conservação, incluindo a criação de uma população de cativeiro, além do manejo genético e demográfico. Estabeleceu-se um plano de manejo de meta população para a espécie, ou seja, o manejo conjunto de todas as populações conhecidas, juntamente com as populações de cativeiro, tratadas unicamente como uma população-núcleo. Entre os anos 1980 e 1990, várias novas ações e pesquisas foram realizadas. Os resultados dessas novas pesquisas foram incorporados a uma Análise de Viabilidade de Hábitat e Populacional (PHVA), realizada em 1997 para as quatro espécies de micos-leões. As principais resoluções para todas as espécies concentram-se em três tópicos básicos: 1) a necessidade de manejar as pequenas populações isoladas como uma metapopulação, a fim de garantir sua sobrevivência; 2) a expansão e/ou criação de áreas protegidas para as espécies e melhor gerenciamento das já existentes; e 3) o estabelecimento de programas com as comunidades locais, visando melhoria da qualidade de vida e ações de desenvolvimento sustentável (Martins & Valladares-Padua, 2003). Para concluir, podemos dizer que a principal lição do Programa Integrado de Conservação do mico-leão-preto é que, para restabelecermos uma população viável de uma espécie ameaçada, cinco aspectos são fundamentais: a) conhecimento aprofundado da biologia da espécie; b) manejo integrado na natureza e em cativeiro, mas com ênfase na natureza; c) envolvimento das comunidades humanas da região de ocorrência, com programas de educação ambiental; d) uma visão conservacionista baseada na paisagem, com o uso de técnicas de extensão conservacionista na restauração do hábitat; e, finalmente, e) uso de manejo adaptativo, com avaliações periódicas dos resultados (Padua et al., 2001).
  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Núcleos de pesquisa atuais: Programa Integrado de Conservação do Mico-leão-preto, IPÊ, sob coordenação de Claudio B. Valladares-Padua e Cristiana S. Martins. Cativeiro: Alcides Pissinatti (CPRJ); José Luis Catão (Fundação Zoológico de São Paulo); Luis Pires (Zoológico de Bauru/SP); Fernando Magnanini (Parque Ecológico de São Carlos/SP); Silvia Machado (Parque de Americana/SP); Adauto Nunes (Zoológico de Sorocaba/SP). Zoológicos internacionais: Adelaide, Austrália; Belfast, Bristol, Bronx, Chester, Jersey, Krefelder, Magdeburg. Pesquisadores/grupos de pesquisas que já trabalharam com a espécie: Fernando Passos (UFPR); Carolina Mamede Costa e Alexine Keuroghlian (UNIDERP); 
Ana Albernaz e Cory Carvalho (Instituto Florestal de São Paulo).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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