segunda-feira, novembro 14, 2011

Arara-azul-pequena


Anodorhynchus glaucus (Vieillot, 1816)

NOME POPULAR: Arara-azul-pequena
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Psittaciformes
FAMÍLIA: Psittacidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Extinta
Estados Brasileiros: RS (RE)
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): CR
Brasil (Biodiversitas, 2002): EX




  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Anodorhynchus glaucus era uma arara que media entre 68 e 72 cm de comprimento total. Morfologicamente semelhante à Anodorhynchus leari, possuía, porém, plumagem de coloração azul pálido e esverdeado, cabeça grande, de plumagem acinzentada, bico potente e cauda muito longa. A área nua na base da mandíbula possuía formato quase triangular e tom amarelo-pálido. O anel perioftálmico era amarelo, mais pálido do que a região em torno da mandíbula, e o tarsometatarso era cinza escuro. Era comum ao longo do rio Paraná, no início do século XIX, porém existem poucos dados sobre a espécie e não há notícias de exemplares vivos desde 1912, quando morreu a última ave conhecida, no Zoológico de Londres. Há indícios de que a espécie habitava savanas arborizadas entremeadas com matas e palmares, como as palmeiras de butiá-jataí (Butia yatai), especialmente ao longo de rios com barrancos escarpados. Em relação à reprodução, há relatos de que escavava seus ninhos em barrancos íngremes dos rios Paraná e Uruguai ou utilizava ocos de árvores ou paredões rochosos, onde colocava apenas dois ovos. O coco do butiá-jataí era supostamente o principal alimento da arara-azul-pequena, mas há indícios de que os cocos do butiazeiro (Butia capitata) podem ter sido utilizados pela espécie em locais onde o butiá-jataí era ausente. A espécie, que provavelmente nunca foi numerosa, teria se tornado rara a partir da segunda metade do século XIX. Registros indicam que o principal período de declínio da espécie ocorreu após 1830. Não se sabe ao certo a causa de seu desaparecimento. Entre as explicações propostas, estão epidemias e esgotamento genético, embora haja consenso de que o principal fator de declínio tenha sido a perda de hábitat decorrente da descaracterização dos barrancos dos rios e da remoção dos palmares dos quais a espécie dependia, em virtude de atividades de agricultura e criação de gado. Isto teria ocorrido tanto pela retirada direta das palmeiras como pela ausência de sua regeneração por causa do sobrepastoreio. Um dos fatores também apontados como causadores do declínio populacional da espécie foi a Guerra do Paraguai (1865-1870), que teria afetado a qualidade do hábitat, considerando os impactos de manobras navais e movimentação de tropas sobre as barrancas dos rios utilizados pela espécie para reprodução. Evidências do século XVIII indicam que esta arara foi alvo de caça e captura para comércio. Não são conhecidos exemplares de museus obtidos na natureza depois de 1860. Existem atualmente dois exemplares no Museu de Nova York, dois no Museu Britânico e um no Museu de Paris. Há especulações de que a espécie ainda possa sobreviver na natureza, mas, se isso ocorrer, os números devem ser extremamente baixos.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Ocorria originalmente em uma região restrita nas fronteiras entre Paraguai, Brasil, Uruguai e Argentina. Informações referentes à sua ocorrência indicam as regiões de bacias de grandes rios no centro-sul da América do Sul, incluindo os rios Paraná, Uruguai e Paraguai. No Brasil, há indicações de ocorrência em todos os Estados da região, embora pouquíssimos desses registros possuam evidência material conclusiva. Além disso, de forma geral, também são consideradas áreas ao sul e sudeste do Paraguai, nordeste da Argentina (província de Corrientes) e norte do Uruguai. Atualmente, não são conhecidas evidências da presença desta espécie na natureza. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

  Existem duas Unidades de Proteção Integral no Brasil que teriam potencial para abrigar a espécie, por possuírem ambiente semelhante àqueles descritos como preferenciais para a espécie, em especial os cânions: PARNA do Iguaçu (PR) e  PE do Turvo (RS). Entretanto, em razão da intensa modificação das áreas adjacentes a essas Unidades, as chances de registro para a espécie nessas áreas são remotas.

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  A espécie sofreu rápido declínio nas áreas onde ocorria. Considerando as baixas densidades populacionais e o grau de especialização de sua dieta e tipo de hábitat, especula-se que a ocupação humana teria causado a destruição de seu ambiente, tendo como conseqüência o seu desaparecimento. Alguns autores afirmam ainda que sua extinção poderia estar associada a uma depleção genética ou a uma epidemia. A captura para coleções em cativeiro também pode ter acelerado o desaparecimento da espécie. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Apesar de ser considerada extinta, não há registros de buscas em campo efetivamente detalhadas  para localizar a espécie. Assim, a estratégia mais importante a ser implementada no momento seria a realização de expedições sistematizadas que pudessem varrer toda a área de ocorrência histórica da arara-azul-pequena. O uso de ferramentas para modelagem de distribuição poderia ser utilizado para identificar regiões de potencial ocorrência da espécie, visando direcionar os esforços de amostragem em campo. 

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO

  Não se aplica, pois a espécie é extinta.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

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