segunda-feira, novembro 21, 2011

Gato-maracajá


Leopardus tigrinus Schreber, 1775

NOME POPULAR: Gato-do-mato; Gato-macambira; Pintadinho;  
Mumuninha; Maracajá-i; Gato-maracajá
SINONÍMIAS: Felis tigrina, Oncifelis tigrinus
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Carnivora
FAMÍLIA: Felidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: MG (EN); ES (VU); PR (VU); SP (VU); RS (VU) Anexos da CITES: Anexo I

CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): não consta
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A4c

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Leopardus tigrinus é a menor espécie de felino encontrada no Brasil e também uma das menos conhecidas. Tem porte semelhante ao do gato doméstico comum no país. O tamanho médio da cabeça e do corpo é de 49,1 cm (40 a 50,9 cm); a cauda, longa, tem de 20,4 a 32 cm, enquanto o peso médio é de 2,4 kg (1,5 a 3,5 kg). A coloração de fundo varia entre o amarelo-claro e o castanho-amarelado, sendo que o melanismo não é nada incomum. As rosetas tendem a ser pequenas, abertas e numerosas, sendo encontradas grandes variações em suas formas e tamanhos, assim como na coloração de fundo (Oliveira & Cassaro, 2005). Os filhotes nascem após uma gestação de 73 a 78 dias, normalmente um, podendo chegar a até três e raramente a quatro. Na natureza, o potencial máximo de uma fêmea deixar descendentes, ao longo de seu período de vida, seria de apenas cinco, resultante do baixo potencial reprodutivo, o que torna a capacidade de recuperação das populações da espécie bem mais lenta do que a daquelas de porte equivalente ou maior de outras regiões zoogeográficas (Oliveira, 1994). Ocorre numa variedade de habitats que inclui florestas ombrófilas, deciduais, semideciduais e mistas de araucária, tropicais e subtropicais, tanto de baixa altitude quanto montanas e pré-montanas. Também ocorre nas diversas fisionomias do Cerrado, Caatinga e Pantanal, estando ausente dos Pampas. Pode ser encontrada tanto em áreas primitivas quanto em algumas áreas alteradas, incluindo áreas próximas a plantações de café, soja, cana e alguns fragmentos de mata secundária. Ocorre desde o nível do mar a até 3.353 m de altitude (Oliveira in press, a). Embora chegue a ser encontrada em ambientes alterados, não aparenta ser abundante (comum) em nenhum lugar, sendo extremamente rara na região amazônica, onde pode ter distribuição disjunta. Nas áreas onde Leopardus pardalis é a espécie de felino de pequeno-médio porte dominante, L. tigrinus tende a ser bem rara ou ausente (Oliveira, 2004). O padrão de atividades, apesar de ser, aparentemente, mais noturno-crepuscular, também inclui considerável nível de atividade diurna (ca. 30%, Tortato & Oliveira, 2005). A área de vida conhecida para uma fêmea e um macho translocados em ambiente de Cerrado foi de 1 e 17,4 km2, enquanto em mosaico de mata decidual secundária e áreas agrícolas foi de 6,1 a 18,1 km2(Rodrigues & Marinho-Filho, 1999; Oliveira et al., 2006). A alimentação é variada, incluindo, predominantemente, pequenos mamíferos (51% da dieta), aves (23%) e lagartos (25%), podendo incluir, ocasionalmente, animais de maior porte, com mais de 500 g (2%), como o tapiti (Sylvilagus brasiliensis). O peso médio das presas, entretanto, é menor que 90 g (Wang, 2002; Oliveira, in press). 

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  A espécie ocorre da Costa Rica ao sul do Brasil e norte da Argentina (províncias de Salta, Corrientes e Entre Rios). O limite de ocorrência sul situa-se na faixa dos 30 graus. Aparenta ser extremamente rarana bacia Amazônica, onde talvez possa apresentar distribuição disjunta. Pode ter desaparecido das áreas de extenso uso antrópico, como áreas urbanas, pastagens e extensos campos agrícolas. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  PARNA Serra da Capivara (PI); PARNA Itatiaia (RJ); PARNA Serra da Canastra (MG); PARNA Iguaçu e EE Guaraqueçaba (PR); FLONA Ipanema e PE Serra do Mar (SP); REBIO Gurupi, PARNA Lençóis Maranhenses e PE Mirador (MA); EE Maracá (RR); EE Santa Luzia, REBIO de Sooretama e REBIO Córrego do Veado (ES); APA Palmas (TO); PARNA Chapada dos Veadeiros (GO); PARNA Ubajara (CE); PARNA Chapada Diamantina (BA); FLONA São Francisco de Paula  e PE Turvo (RS); PARNA Serra da Bocaina (RJ/SP); PARNA Caparão (MG/ES); REBIO Guaribas (PB); PE Serra do Tabuleiro (SC).

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  As maiores ameaças à sobrevivência da espécie são a perda, a fragmentação e a conversão dos habitats. A captura de exemplares para animal de criação, tanto em escala local quanto para o tráfico, também constitui ameaça a este pequeno felino. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Medidas conservacionistas para Leopardus tigrinus devem incluir a proteção e fiscalização tanto das Unidades de Conservação quanto dos ecossistemas naturais. Como os conhecimentos acerca da sua biologia/ecologia são extremamente limitados, pesquisas científicas nessa área tornam-se prementes para melhor conhecer a espécie e, dessa forma, traçar estratégias de ação mais eficazes. O monitoramento das populações naturais também é importante.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  O Projeto Gatos do Mato – Brasil, do Instituto Pró-Carnívoros, com a participação de nove outras Instituições, sob a coordenação de Tadeu G. de Oliveira e os integrantes Marcos A. Tortato, Rosane Vera Marques, Carlos Benhur Kasper, Rita Bianchi, Rogério C. de Paula, Katia Cassaro, Mara C. Marques, Fábio Mazim, José Bonifácio Soares, Rodrigo Nobre, Júlia Feldens, Odgley Quixaba Vieira, Eduardo Eizirik, Tatiane Trigo, Cláudia Filoni, José Luis Catão Dias, Mauro Galetti e Sandro Bonatto, desenvolve pesquisas em diversos aspectos relativos à biologia e conservação da espécie, em todo território nacional. Ellen Wang e Eduardo Nakano Oliveira (UNICAMP); Katia Facure (UFU); Fabiana Rocha Mendes (UNESP) e Fábio Olmos (Pesquisador autônomo e CBRO) já realizaram trabalhos sobre os hábitos alimentares da espécie.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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