segunda-feira, outubro 17, 2011

Albatroz-errante


Diomedea exulans Linnaeus, 1758

NOME POPULAR: Albatroz-errante; Albatroz-viajeiro
SINONÍMIAS: Diomedea chionoptera
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Procellariiformes
FAMÍLIA: Diomedeidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: RS (EN); PR (VU)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil(Biodiversitas,2002): VU –A1bd + 2bd

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Diomedea exulans é um albatroz que nidifica em ilhas do Atlântico Sul. Os juvenis deixam o ninho com plumagem quase totalmente marrom-chocolate, que vai clareando com a idade. Os machos tendem a se tornar mais brancos do que as fêmeas; machos muito velhos adquirem uma plumagem descrita como “snowy”. Machos das ilhas Geórgias do Sul pesam entre 8,19 e 11,9 kg e as fêmeas têm peso entre 6,35 e 8,71 kg. Os machos são maiores do que as fêmeas, com envergadura que varia de 2,72 até incríveis 3,45 m. Este albatroz nidifica em colônias dispersas e as posturas são realizadas entre dezembro e fevereiro. A incubação dura 11 semanas, sendo dividida entre os pais. O único filhote leva 40 semanas para deixar o ninho, o que ocorre entre novembro e fevereiro. O longo período reprodutivo (55 semanas) faz com que a espécie se reproduza apenas a cada dois anos. Casais bem sucedidos podem retornar à colônia apenas de 3 a 4 anos após produzirem o filhote. Em 1997, havia 19 aves com 39 anos de idade nidificando em Bird Island (Geórgias do Sul) e é provável que alguns indivíduos ultrapassem a idade de 50 anos. Os jovens permanecem no oceano por cinco anos antes de retornar à sua colônia natal, exibindo alto grau de filopatria. Cerca de 50% dos jovens das Geórgias do Sul sobrevivem até essa idade, enquanto adultos, entre 1972 e 1985, tinham uma expectativa anual de sobrevivência de 94%, uma redução de 1-2% em relação à década de 1960, tendo em vista a mortalidade causada pelos espinheleiros. Machos têm uma expectativa de sobrevivência 2% maior do que as fêmeas, que se alimentam em latitudes mais baixas e assim parecem interagir mais com embarcações pesqueiras. Machos e fêmeas começam a se reproduzir com cerca de 11 anos. A idade da primeira reprodução tem decrescido recentemente em populações em declínio, por causa da mortalidade causada pela pesca. O sucesso reprodutivo variou anualmente entre 52 e 73% nas Geórgias do Sul, com média de 64%. Diomedea exulans e os outros grandes albatrozes capturam presas sobretudo na superfície, tendo capacidade limitada de submergir. Aves das Geórgias do Sul alimentam-se principalmente de lulas (35% da massa consumida pelos filhotes: Kondakovia longimana, Histiotheutis eltaninae, Illex sp., Galitheutis glacialis) e peixes (45% da massa consumida pelos filhotes, sendo as espécies mais importantes: Pseudochaenichys georgicus, Chaenocephalus aceratus e Muraenolepis microps). As duas últimas espécies são demersais, devendo ter sido obtidas como descartes ou corpos flutuantes após a desova. Os albatrozes também consomem carniça (como mamíferos marinhos mortos), tunicados, águas-vivas e crustáceos (como “lobster krill” Munida gregaria). Alterações nas condições oceanográficas têm forte influência sobre os padrões de forrageamento e de presas capturadas. A maior parte do alimento é obtida durante o dia, embora haja algum forrageamento noturno. Muitas das lulas consumidas são espécies mesopelágicas de grande porte (Kondakovia longimana pesa em média 3 kg) e devem ser consumidas como carniça, mas os albatrozes podem capturar lulas grandes na superfície, durante a noite, quando essas lulas realizam migrações verticais. A predisposição da espécie em consumir presas mortas faz com que se associe a barcos pesqueiros para aproveitar descartes, sendo bastante agressiva ao disputar restos com outras aves. Durante o inverno, a maior parte das aves se concentra ao norte da Convergência Antártica. Durante a reprodução, a população das Geórgias do Sul alimenta-se sobre a plataforma das ilhas e para oeste, especialmente ao longo do talude e fora da plataforma continental da Patagônia e sul do Brasil. No verão, as fêmeas utilizam a margem da plataforma continental da América do Sul (norte até cerca de 32°S), enquanto os machos usam as águas fora da Península Antártica. Durante o inverno, os machos se juntam às fêmeas. As viagens de alimentação para as águas do norte da Argentina e sul do Brasil cobrem mais de 9.500 km e duram cerca de 15 dias. A espécie realiza movimentos de grande escala. Indivíduos que nidificam no Atlântico parecem realizar migração circumpolar para Leste, que os leva à costa Sul da Austrália e através do Pacífico, antes de retornar às colônias de reprodução nas ilhas sub-antárticas do grupo das Geórgias do Sul. Aves anilhadas desta população têm sido recapturadas na costa Sul do Brasil (notadamente por espinheleiros que operam fora do Rio Grande do Sul e Santa Catarina), África do Sul e sul da Austrália e Nova Zelândia. A frota pesqueira brasileira parece capturar principalmente aves pertencentes à população das Geórgias do Sul (12 recapturas de aves anilhadas até 2001), mas a captura de um exemplar anilhado no sul da Austrália fora do Rio Grande do Sul, pode indicar a presença de aves de outras populações em águas brasileiras.
  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  O albatroz-errante ocorre na maior parte do oceano Austral, das margens do gelo que circunda a Antártica (c. 68°S) até o Trópico de Capricórnio (c. 23°S) e, ocasionalmente, até mais ao norte, com alguns registros fora da Califórnia e no Atlântico Norte. No Brasil, a espécie tem sido registrada do Rio Grande do Sul até cerca de 23°S. No Atlântico, a espécie nidifica no arquipélago das Geórgias do Sul (cerca de 2.000 pares reprodutivos/ano), especialmente Bird Island (60% da população do arquipélago). Também nidifica nas ilhas Prince Edward e Marion (possessões da África do Sul), ilhas Crozet e Kerguelen  (territórios da França) e Macquarie (território da Austrália). A população que nidificava nas ilhas 
Falklands (Malvinas) se extinguiu em 1959 face à pressão humana. 
  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Desconhecida.
  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  É uma das espécies de albatrozes e petréis capturadas incidentalmente por barcos espinheleiros que atuam no Sul do Brasil, especialmente fora da plataforma continental e na região da Convergência Subtropical. A população das Geórgias do Sul diminuiu 28% entre 1960 e 1996 (0,8% ao ano), o que coincidiu com a redução da expectativa de sobrevivência dos adultos e dos jovens. Um declínio anual de 10% na taxa de sobrevivência dos juvenis ocorreu concomitante a uma queda de 2–3% ao ano na taxa de sobrevivência dos adultos. 
  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  A principal estratégia para a conservação da espécie no Brasil é a adoção, pela frota espinheleira, de medidas mitigatórias que impeçam ou minimizem a captura de aves marinhas, incluindo as que possam desencorajar ou impedir o acesso das aves aos anzóis iscados. Um Plano Nacional de Conservação de Albatrozes e Petréis (PLANACAP) foi aprovado pelo IBAMA/Ministério do Meio Ambiente e deve ser implementado.
  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Tatiana Neves e Fabiano Peppes (Instituto Albatroz) e Fábio Olmos (Pesquisador autônomo e CBRO) têm trabalhado com a questão da captura incidental de aves marinhas pela frota brasileira, incluindo D. epomophora, e são autores do PLANACAP. Leandro Bugoni e Carolus M. Vooren (FURG) e Jules Soto (UNIVALI) têm estudado a ecologia e distribuição das aves oceânicas do extremo-sul brasileiro, incluindo a sua interação com a pesca.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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