terça-feira, outubro 18, 2011

Albatroz-real-do-norte


Diomedea sanfordi Murphy, 1917


Provável imagem da espécie.
NOME POPULAR: Albatroz-real-do-norte
SINONÍMIAS: Diomedea epomophora sanfordi
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Procellariiformes
FAMÍLIA: Diomedeidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): EN
Brasil (Biodiversitas, 2002): EN – A2c; B1ac(i) + 2ac(ii)

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Diomedea sanfordi distingue-se, quando adulto, de D. epomophora e D. exulans pela combinação única de dorso branco com a face superior das asas totalmente negras. Os juvenis deixam o ninho com plumagem similar à dos adultos; a diferença é que apresentam um número variável de penas escuras no dorso, produzindo um efeito manchado, e algumas penas escuras no alto da cabeça. A espécie apresenta as narinas bulbosas e a borda da maxila negra, como D. epomophora, sendo significativamente menor (machos, por exemplo, têm cúlmens de 165-172 mm, comparados a 179-188 mm em D. epomophora; a mesma comparação para a medida de asa é de 634-669 mm contra 674-707 mm). Adultos coletados nas ilhas Chatham pesavam de 6,35 a 6,6 kg. As aves começam a retornar às colônias de reprodução em setembro e as posturas ocorrem no final de outubro (em Taiaroa Head) e meados de novembro (nas ilhas Chatham). A incubação dura 79 dias, em média, e o jovem deixa o ninho após 32-38 semanas. A nidificação leva, assim, uma média de 46 semanas, de forma que a reprodução é bianual. Os jovens ficam no mar por um período de 4 a 8 anos antes de retornar à colônia natal. As aves começam a se reproduzir com idade de 6 a 11 anos. A maior longevidade para uma ave anilhada é de 61 anos. Este exemplar estava nidificando e produziu um filhote antes de desaparecer. O sucesso reprodutivo em Taiaroa Head, ao longo de 17 anos, foi de 31%, em média. Estima-se que 57% dos jovens sobrevivam até alcançar idade para reproduzir. A porcentagem de sobrevivência dos adultos na década de 1990 era de 94,6-95,3%, menor que os 98,9% estimados nas décadas de 1940 e 1950. Nas ilhas Chathams, a produtividade anual entre 1990-1996 foi de apenas 18%, em decorrência da degradação da cobertura vegetal, causando a quebra de ovos e a inundação de ninhos. A dieta nas ilhas Chatham é constituída de 85% de cefalópodos (incluindo Morotheutis ingens, Architeuthis sp. e Histiotheuthis atlantica), 14% de peixes e 1% de salpas. Em Taiaroa Head, as aves consomem 80% de cefalópodes (incluindo polvos aparentemente obtidos de descartes), 15% de peixes, 3% de crustáceos e 2% de salpas. A população das ilhas Chatham (99% da população global) é estimada em 6.500-7.000 pares – 27 casais estavam presentes em Taiaroa Head em 1995, incluindo cinco híbridos com D. epomophora. A espécie é listada no Apêndice II da Convenção de Espécies Migratórias (Convention on Migratory Species - CMS).

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  A espécie nidifica apenas em três ilhotas do grupo das Chatham (Motuhara, Big Sister e Little Sister) e em Taiaroa Head, Nova Zelândia. Esta última população inclui vários híbridos entre D. epomophora e D. sanfordi, tendo status único. É provável que a espécie nidificasse de forma ampla em outras ilhas da região da Nova Zelândia, incluindo a ilha do Sul, antes da chegada do homem. Após a reprodução, as aves voam para Leste até a costa do Chile e Peru, sendo observadas sobre a plataforma continental, onde se alimentam e realizam a muda. Dali, elas contornam o Cabo Horn e são encontradas sobre a plataforma continental da Argentina (incluindo as Falklands/Malvinas) e Sul do Brasil, que parecem ser importantes áreas de alimentação. As aves migram através do Atlântico, passando pela costa sulafricana e dali pelo oceano Austral, retornando às áreas de nidificação. Um exemplar foi encontrado nas 
Falklands oito dias após deixar as ilhas Chatham. A presença da espécie no Brasil é baseada no registro publicado de um exemplar acompanhando um espinheleiro fora de Santa Catarina e de outros registrados fora de Santa Catarina e Rio Grande do Sul pelo programa de observadores do Projeto Albatroz. 
  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Desconhecida.
  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  A espécie é capturada incidentalmente por barcos espinheleiros em toda a sua área de distribuição, o que também pode ocorrer no Brasil. Interage com barcos espinheleiros que atuam no Sul do Brasil, especialmente na região da Convergência Subtropical, e também em águas internacionais, fora da plataforma continental, em particular na região da elevação do rio Grande. Estes barcos visam principalmente a captura de espadartes, tubarões e atuns. 
  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  A principal estratégia para a conservação da espécie no Brasil é a adoção, pela frota espinheleira, de medidas mitigatórias que impeçam ou minimizem a captura de aves marinhas, incluindo medidas que desencorajem ou impeçam o acesso das aves aos anzóis iscados. Um Plano Nacional de Conservação de Albatrozes e Petréis (PLANACAP) foi aprovado pelo IBAMA/Ministério do Meio Ambiente e deve ser implementado.
  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Tatiana Neves e Fabiano Peppes (Instituto Albatroz) e Fábio Olmos (Pesquisador autônomo e CBRO) têm trabalhado com a questão da captura incidental de aves marinhas pela frota brasileira, incluindo D. epomophora, e são autores do PLANACAP. Leandro Bugoni e Carolus M. Vooren (FURG) e Jules Soto (UNIVALI) têm estudado a ecologia e distribuição das aves oceânicas do extremo-sul brasileiro, incluindo a sua interação com a pesca.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira ameaçada de Extinção

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