domingo, outubro 23, 2011

Grazina-de-barriga-branca


Pterodroma incerta (Schlegel, 1863)

NOME POPULAR: Grazina-de-barriga-branca; Fura-buxo-de-capuz
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Procellariiformes
FAMÍLIA: Procellariidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta

CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – D2

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Pterodroma incerta é uma ave marinha de médio porte, possui cerca de 43 cm de comprimento e tem envergadura em torno de 100 cm. Apresenta a cabeça, o dorso, o lado inferior das asas e as penas infracaudais de cor marrom-escura. Tem a garganta e o peito salpicados e a característica barriga branca. Não apresenta dimorfismo sexual. Pela dificuldade de acesso e desenvolvimento de pesquisas em sua área reprodutiva, é uma das aves marinhas pouco conhecidas em seus aspectos bioecológicos. São reprodutores de inverno e, nas ilhas Tristão da Cunha, as aves chegam a partir de março. Os ninhos são construídos em buracos cavados em terra macia onde põem um único ovo entre meados de junho e julho. Os filhotes começam a nascer em setembro e permanecem no ninho até dezembro. Com pernas muito curtas, freqüentam as ilhas somente no período noturno e são muito vulneráveis a predadores terrestres. Porém, no mar, têm um vôo muito rápido e capturam suas presas durante o dia e à noite. Indivíduos solitários freqüentemente acompanham navios, mas ocorrem ocasionalmente em pequenos grupos em águas oceânicas, tanto sobre a plataforma continental como em águas mais profundas. Alimentam-se principalmente de cefalópodes (67%), crustáceos (20%) e peixes (13%), o que sugere que forrageiem em associação com outras espécies de aves marinhas. É visitante meridional que eventualmente aparece morto em praias do litoral sul brasileiro. No Brasil, a espécie é comumente registrada viva, ao largo do Rio Grande do Sul, e morta, em praias do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em 2005, por ocasião da passagem do furacão “Catarina”, cerca de 130 indivíduos foram encontrados debilitados no litoral e em localidades situadas a até 420 km da costa, inclusive em altitudes de 1.100 m acima do nível do mar.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  É um petrel praticamente restrito ao Atlântico Sul, com alguns registros esporádicos para o oceano Índico. No mar a espécie se dispersa pela área abaixo do Trópico de Capricórnio, ao longo da Convergência Subtropical, onde é uma das aves mais abundantes. Foi registrado pela primeira vez em 1905, reproduzindo-se na ilha Tristão da Cunha. Posteriormente, registros não confirmados citaram reprodução nas ilhas Inacessible e Nightingale. Em 1952, foi confirmada a reprodução na ilha Gough, com estimativa populacional de cerca de 100.000 a 1.000.000 de casais. No Brasil já foi registrada em águas oceânicas do RJ, SP, PR, SC e RS. Atualmente é considerado o único petrel endêmico do Atlântico Sul. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

Desconhecida.


  • PRINCIPAIS AMEAÇAS 

  Apesar de recente estimativa indicar uma população de cerca de 1,8 milhões de casais reprodutores na ilha Gough, modelagens populacionais preliminares indicam declínio neste número. O sucesso reprodutivo nessa espécie é muito baixo, em torno de 20%. Nos sítios reprodutivos, o rato doméstico, Mus musculus, introduzido pelo homem, é, provavelmente, o responsável por perdas consideráveis de filhotes. A coexistência com cerca de 6.000 a 8.000 gaivotas-rapineiras Catharacta spp. na ilha Gough também são uma constante ameaça para a espécie, uma vez que estas gaivotas são vorazes predadoras de ovos, filhotes e adultos. Em sua área de distribuição marinha, as eventuais catástrofes climáticas podem afetar seriamente bandos de aves durante o forrageamento ou a dispersão. Pouco se conhece sobre os efeitos de ciclones e grandes tempestades sobre estas aves, mas potencialmente podem afetar severamente a espécie. A maioria das aves encontradas na costa sul brasileira em função da passagem do furacão “Catarina” morreu em uma semana. A poluição marinha por hidrocarbonetos também parece ser um problema para a espécie nos mares do Sul do Brasil. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Diante do grande desconhecimento científico sobre a espécie, torna-se necessário, primeiramente, o desenvolvimento de pesquisas a respeito de sua ecologia básica, biologia reprodutiva e dinâmica populacional em sua área reprodutiva. Na costa brasileira, estudos sobre sua movimentação e ameaças à espécie nas áreas de forrageamento são também importantes, bem como identificar os fatores de risco durante o período em que a espécie freqüenta águas brasileiras. As aves que aparecem mortas nas praias devem ser investigadas e detectadas as causas da mortalidade, a fim de que se possa estabelecer estratégias de conservação para a espécie.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Leandro Bugoni (CRAM/FURG); Maria Virginia Petry (UNISINOS); Fábio Olmos (Pesquisador autônomo e CBRO).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

Um comentário:

  1. Vim pesquisar neste blog, e fiquei muito satisfeita com o conteúdo de excelente qualidade,grata pelas informações, com certeza voltarei aqui, pois o blog é muito interessante.

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