quinta-feira, outubro 20, 2011

Pardela-preta


Procellaria aequinoctialis Linnaeus, 1758 

NOME POPULAR: Pardela-preta
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Procellariiformes
FAMÍLIA: Procellariidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: RS (VU); PR (VU)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A4bcde

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Procellaria aequinoctialis é uma ave marinha de porte médio, que se reproduz entre setembro e maio em ilhas nos oceanos meridionais. Apresenta plumagem marrom-escura uniforme, bico claro e uma mancha gular branca que por vezes pode estar ausente. A envergadura é de cerca de 1,4 m. As fêmeas, um pouco menores que os machos, pesam cerca de 1,3 kg e os machos podem chegar a até 1,4 kg. Nas colônias reprodutivas, são bastante ativos durante a noite. Fazem seus ninhos em grandes tocas sob a vegetação e colocam apenas um ovo, que é incubado por cerca de 60 dias. Após o nascimento, o filhote recebe alimento dos pais até o terceiro mês de vida e é incapaz de sobreviver sob os cuidados de apenas um deles. Deixa a colônia reprodutiva no mês de maio e somente retorna para sua primeira reprodução após completar seis anos de vida. Durante a incubação, os adultos se revezam nos ninhos e realizam viagens de 3.000 a 8.000 km, que duram entre 12 e 15 dias de duração, para obter alimento. Após o nascimento do filhote, as viagens são mais curtas. Apresentam sucesso reprodutivo entre 40 e 50%. Terminado o período reprodutivo, dispersam-se pelos oceanos austrais (entre 30º e 55º), quando são comuns, durante o inverno, na costa sul-brasileira. Procellaria aequinoctialis obtém alimento, freqüentemente, boiando na superfície da água e mergulhando atrás de suas presas a profundidades em torno dos 13 m, podendo permanecer submerso por cerca de 42 segundos. Durante o período reprodutivo, a espécie  se alimenta principalmente de krill, peixes e lulas oceânicas, principalmente durante a noite. Após o período reprodutivo, durante suas viagens alimentam-se principalmente de peixes, crustáceos e lulas, além de outros peixes capturados durante o descarte de pescado por barcos de pesca.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Apesar de ocorrer em toda a região sub-antártica, representada por indivíduos vagantes, sua área de ocupação é restrita, reproduzindo-se apenas em algumas ilhas nas regiões oceânicas meridionais. No Atlântico, nidifica principalmente nas ilhas Falklands/Malvinas e Geórgia do Sul. Porém ocorrem colônias também nas ilhas Crozet, Prince Edward, Campbell, Kerguelen, Auckland, Antípodes e, provavelmente, Macquarie. É visitante meridional em águas oceânicas, comumente aparecendo mortos em praias do litoral brasileiro. No Brasil a espécie já foi registrada nos litorais dos Estados do PA, BA, ES, RJ, SP, PR, SC e RS. 
  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Não utiliza Unidades de Conservação brasileiras para reprodução, mas já foi registrado sobrevoando as proximidades da ilha Deserta, que faz parte da REBIO Marinha do Arvoredo (SC) e, morto, em praias da EE Juréia-Itatins e PE Ilha do Cardoso (SP). 
  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  Em sua área reprodutiva, seu hábitat vem sendo alterado pelo aumento populacional de lobos-marinhos e a presença de ratos introduzidos pelo homem. No entanto, a maior causa do decréscimo populacional pelo qual vem passando a espécie é a mortalidade acidental associada às atividades de pesca com o uso de espinhel, nas proximidades da ilha Geórgia do Sul e em suas áreas de invernada, nas costas da África e da América do Sul. É uma das espécies de aves marinhas mais vulneráveis à mortalidade associada à pesca de espinhel e, na costa brasileira, é a espécie mais capturada pela frota que utiliza métodos de pesca tanto pelágicos como de fundo. A pesca com espinhéis pelágicos consiste de uma linha principal com cerca de 80 km, na qual são presos 800 a 1.200 anzóis iscados. O espinhel de fundo tem entre 1.500 a 2.000 anzóis. A isca, em ambos os métodos, é a lula argentina, mas também são utilizadas sardinhas. As centenas de aves que acompanham os barcos mergulham e capturam as lulas, e acabam afundando juntamente com o anzol, vindo a morrer por afogamento. Em meados da década de 1990, a frota brasileira de espinheleiros de fundo matava anualmente cerca de 724 indivíduos de P. aequinoctialis, e a pelágica, operando no Sul-Sudeste do Brasil, capturava anualmente, em média, 3.084 indivíduos. 
  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Devem ser estimuladas as ações mitigadoras que já vêm sendo testadas e implementadas na frota espinheleira nacional e internacional, tais como o cabo com fitas (tori line), que funciona como espantadores das aves durante o lançamento dos cabos com os espinhéis; o lançamento dos anzóis durante a noite, na lateral do barco ou a partir de grandes profundidades; o uso de iscas pigmentadas e o uso de iscas descongeladas e/ou artificiais. Sugere-se a implantação de campanhas educativas junto aos pescadores e empresas de pesca, visando a interrupção do descarte de restos de peixes no mar, o que acaba atraindo as aves para a proximidade dos barcos.
  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Fábio Olmos (Pesquisador autônomo e CBRO); Tatiana da Silva Neves (Instituto Albatroz); Maria Virgínia Petry (UNISINOS); Carolus M. Vooren (FURG); Jules Soto (UNIVALI).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

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