Guaruba guarouba (Gmelin, 1788)
NOME ATUAL: Guarouba guarouba
NOME POPULAR: Ararajuba; guaruba
SINONÍMIAS: Aratinga guarouba
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Psittaciformes
FAMÍLIA: Psittacidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: PA (VU)
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): EN
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A2cd
- INFORMAÇÕES GERAIS
Guarouba guarouba é um psitacídeo de médio porte (34-36 cm de comprimento total) que habita principalmente as florestas de terra firme nos Estados do Maranhão e Pará, com registros recentes para o Mato Grosso e Rondônia. Um dos endemismos mais interessantes da avifauna brasileira, a ararajuba chama a atenção pela beleza da plumagem, de coloração amarelo-dourada, com as penas de vôo verdes. Muito pouco se conhece sobre o comportamento reprodutivo e os hábitos desta espécie. São aves residentes e vivem em grupos que podem variar de três a 30 indivíduos. Alimentam-se de uma grande gama de frutos, cocos, flores e sementes. Os registros de reprodução são concentrados entre novembro e fevereiro, embora existam também relatos de aves se reproduzindo em outubro. Em janeiro de 2004, um grupo de 10 ararajubas foi monitorado em uma localidade no leste do Pará, em um ninho com dois filhotes já bastante emplumados. O ninho estava localizado em um angelim (Dinizia excelsa, Leg. Mimosoideae) de 41 m de altura e sua abertura situava-se a 30 m de altura. A ararajuba é a única espécie em que a observação dos ajudantes-de-ninho é razoavelmente bem documentada, embora existam relatos de casais que criaram sozinhos os seus filhotes. O grupo estudado defendeu vigorosamente o ninho quando dele se aproximaram representantes das famílias Cathartidae, Psittacidae e Ramphastidae e os filhotes voaram com o grupo alguns dias depois.
- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Ocorre em florestas de terra firme, desde o rio Tapajós (em ambas as margens) até o oeste do Maranhão. Registros antigos para o oeste do Ceará nunca foram repetidos ou confirmados com espécimes, podendo referir-se a indivíduos escapados de cativeiro. Os relatos para o extremo Nordeste do Brasil nunca foram confirmados por exemplares e é bem provável que tenham como base as aves cativas vindas do Maranhão. Atualmente, ocorre em remanescentes florestais bem conservados, principalmente entre o rio Tapajós (em ambas as margens) e o oeste do Maranhão. Registros recentes para o norte do Mato Grosso e Rondônia, além do sul do Amazonas, aumentaram consideravelmente a área de distribuição
desta espécie.
- PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
PARNA do Amazonas (AM); FLONA Tapajós, FLONA Caxiuanã e FLONA Itaituba I e II (PA); REBIO Gurupi (MA); FLOEX Rio Preto/Jacundá (RO). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
- PRINCIPAIS AMEAÇAS
As populações situadas no “arco do desmatamento da Amazônia”, no oeste do Maranhão e leste do Pará, foram grandemente afetadas pela perda e descaracterização de seu hábitat. Além disso, a ararajuba sempre foi uma espécie muito cobiçada por comerciantes ilegais de aves, o que também contribuiu significativamente para a diminuição de suas populações na natureza. A retirada de filhotes de ararajuba para o comércio ilegal de animais silvestres ainda é observada, bem como a captura de animais adultos. Aparentemente, todos os indivíduos retirados da natureza destinam-se a criadores brasileiros, não havendo evidência convincente de tráfico internacional. A derrubada da árvore onde o dormitório ou o ninho está localizado é o meio mais usual para a obtenção de ararajubas. A derrubada dessas árvores, além do evidente prejuízo que representa no recrutamento de novos indivíduos, diminui o número de sítios disponíveis para abrigo e reprodução não somente das ararajubas, mas também de outras espécies que dependem de cavidades naturais. Embora as ararajubas ocorram em algumas Unidades de Conservação e outras áreas protegidas, a situação da espécie na natureza está longe de ser considerada segura.
- ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
A criação de Unidades de Conservação e a proteção dos remanescentes florestais no “Centro Belém” é fundamental não só para a sobrevivência da ararajuba, mas também de diversos outros táxons de aves endêmicos e/ou ameaçados de extinção encontrados naquela região. Além disso, a espécie necessita deproteção especial contra o tráfico de animais silvestres, que ainda é intenso na região onde ocorre. São também necessárias mais pesquisas sobre a história natural da espécie e ações afirmativas de educação ambiental na região de ocorrência da ararajuba para a sua conservação na natureza. O mapeamento e o
monitoramento das áreas onde ocorre também é importante. O manejo em cativeiro é uma ferramenta benéfica para a conservação da ararajuba, que se reproduz com relativa facilidade nos criadores e zoológicos. O Projeto Ararajuba, conduzido pela Fundação Rio Zoo, vem obtendo resultados relevantes em relação ao manejo e à reprodução em cativeiro. Alguns criadores, inclusive, já vendem legalmente filhotes de ararajuba nascidos em cativeiro, em lojas de animais de estimação, o que, potencialmente, pode reduzir a pressão sobre as populações de vida livre. Além disso, os filhotes nascidos em cativeiro podem ser utilizados, no futuro, em programas de reintrodução.
- ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO
Luís Fábio Silveira (USP); Carlos Yamashita e Carlos A. Bianchi (IBAMA); Renato Pineschi, Denise Wilches Monsores, Luiz Paulo Luzes Fedullo e Márcia Andréa de Oliveira Mocelin (Fundação Rio Zoo).
Fonte: LIVRO VERMELHO DA FAUNA BRASILEIRA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO
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