A história do material orgânico
A matéria orgânica é definida biologicamente como matéria de origem animal ou vegetal e geologicamente como compostos de origem orgânica, encontrados sob a superfície do solo. Os papéis, que são feitos com fibra vegetal, também são considerados matéria orgânica, porém, trataremos dele separadamente.
Falaremos aqui do aproveitamento de restos de comida (cascas de frutas e verduras, folhas, talo, etc) para a fertilização do solo, num processo conhecido como COMPOSTAGEM.
O QUE É COMPOSTO E COMPOSTAGEM?
O composto é um material escuro usado como um tipo de adubo também chamado de terra preta ou húmus. Compostagem é o processo de decomposição biológica da matéria orgânica contida em resíduos animais ou vegetais. É feita por muitas espécies de microorganismos e animais invertebrados que em presença de umidade e oxigênio, se alimentam dessa matéria e propiciam que seus elementos químicos e nutrientes voltem à terra. Essa decomposição envolve processos físicos e químicos que ocorrem em matas, parques e quintais. Os processos físicos são realizados por invertebrados como ácaros, centopéias, besouros, minhocas, lesmas e caracóis que transformam os resíduos em pequenas partículas. Já os processos químicos, incluem a ação de bactérias, fungos e alguns protozoários que degradam os resíduos em partículas menores, dióxido de carbono e água.
Essa técnica vem sendo utilizada há mais de cinco mil anos pelos chineses (FREIRE, 2003) e é uma prática utilizada em propriedades rurais.
O QUE PODE E O QUE NÃO PODE SER COMPOSTADO:
Materiais que podem ser compostados | Materiais que NÃO podem ser compostados |
Elementos verdes: Restos e cascas de frutas, legumes e verduras Saquinho de chá Bagaço de cana Restos ou migalhas de pães ou biscoitos Esterco de galinha, gado ou cavalo (animais herbívoros) Pó de café inclusive o coador de papel Restos de grãos ou farinhas crus | Fezes e urina humana e de animais domésticos |
Produtos químicos em geral | |
Papel colorido | |
Saquinho e conteúdo do aspirador | |
Remédios | |
Pilhas e baterias | |
Madeira tratada com pesticida ou verniz | |
Vidro, metal, papel, plástico e couro | |
Elementos castanhos: Aparas de ervas, raízes ou capim seco Restos de podas e jardinagem Cascas de árvores Arbustos e árvores Grama seca Folhas secas Serragem | Tinta |
Sementes | |
Poda de ervas invasoras e vegetais doentes | |
Gorduras, óleos ou graxa | |
Leite e seus derivados | |
Alimentos cozidos e salgados | |
Ossos | |
Restos de carne vermelha ou branca | |
Cebolas doentes |
Cuidados:
- Os materiais que não devem ser compostados podem atrair ratos, baratas e moscas além de possivelmente hospedarem patógenos humanos que sobrevivem ao processo de compostagem;
- Óleos e gorduras podem impermeabilizar o composto atrapalhando a sua degradação;
- Espere seu composto ficar pronto, quando inacabado ele retira nutrientes do solo para terminar seu processo de decomposição. Além disso, contém substâncias nocivas às plantas mais sensíveis.
- Escolha um lugar sombreado, de fácil acesso e preferencialmente sobre a terra, de modo a manter contato mais íntimo com a vida do solo;
- Reduza o tamanho do material, picando ou rasgando;
- Coloque primeiro o material graúdo (o mais adequado é o de poda de árvores e cercas vivas, devidamente picado) até uma altura de 20 cm;
- Acrescente outros resíduos de jardim e de cozinha, evitando porém, a formação de camadas nitidamente diferenciadas de um único tipo de material;
- Mantenha o material solto e fofo;
- Depois de colocar o material, recubra com uma camada de grama, palha, folhas de bananeira, de palmeira ou folhagem para protegê-lo tanto do ressecamento quanto de chuvas fortes, conservando-lhe a umidade e o calor;
- Molhe sempre que necessário para manter a umidade, mas lembre-se que não deve ficar muito úmido;
- Avalie a temperatura usando um termômetro de haste longa, uma barra de ferro ou colocando a mão no interior do monte. Se for possível suportar o calor da barra ou do composto, a temperatura está boa, mas se é praticamente impossível segurar a barra ou manter a mão no monte, é preciso resfriá-la.
MÉTODOS DE COMPOSTAGEM.
LEIRAS:
A leira é um monte em formato de pirâmide que não deve ultrapassar 1,5m de altura. Pode ter até 2m de largura na base e 5m de comprimento, sem no entanto ser muito menor do que isso. Segundo Eigenheer, é a forma mais simples e barata de se produzir composto de boa qualidade sendo que seu processo de maturação e cura pode durar de três meses a dois anos, dependendo do material, com temperatura equivalente à do meio ambiente.
No caso específico das leiras, existem algumas dicas para sua construção:
- À medida que se eleva, a leira deve ir diminuindo em sua largura, tomando a forma de uma tenda, em cujas paredes a água da chuva poderá escorrer;
- Revire a leira, de 3 em 3 dias durante 15 dias (nesse período a temperatura pode chegar a 70°C), depois de 2 em 2 semanas do 16º dia até o quarto mês e por fim, uma vez no 5º e outra no 6º mês.
Dicas importantes:
- Após alguns dias, observar se o núcleo da leira está aquecido, caso contrário ela pode estar muito molhada ou seca, compactada demais ou muito pequena;
- Jamais revolva a leira enquanto estiver muito aquecida e ao mesmo tempo exalando cheiro ácido.
COMPOSTEIRAS
A composteira é um reservatório que pode ter diferentes formas: barril, tonel ou algum recipiente confeccionado de tijolo, de madeira, tela de arame, etc. Este reservatório geralmente é aberto no fundo e pode ser tampado em cima para proteger o composto do excesso de chuva (umidade). As composteiras são utilizadas em caso de pouco espaço disponível ou quando a quantidade de material é insuficiente para a formação de uma leira. As composteiras podem ser de diversos tamanhos e formas, mas o importante é que permitam a circulação de ar e comportem um volume de resíduos não inferior a um metro cúbico.
Existem algumas experiências realizadas em áreas cimentadas, mas recomenda-se certo cuidado pois pode haver produção de chorume provocando cheiro ruim e atração de insetos e roedores. Segundo Ana Branco (PUC-RIO), o importante é equilibrar a quantidade de matéria seca com a umidade dos resíduos, o que evita a produção de chorume.
DIFICULDADES MAIS COMUNS NOS CASOS DE LEIRA E COMPOSTEIRA
Exemplos | Motivos | Soluções |
Cheiro ruim
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Falta de oxigênio devido à compactação
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Revolver
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Falta de oxigênio devido ao excesso de água
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Adicione palha, folhas ou serragem (ricos em carbono)
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Se o cheiro for de amônia
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Cor branco-acinzentada
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Falta de água e presença de fungos
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Revolver e umedecer
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O composto não aquece
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Falta de nitrogênio ou de microorganismos
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Adicione podas frescas de grama, esterco fresco ou restos de verduras
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Pouca umidade
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Adicione água ao revolver
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O monte precisa ser revolvido
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Levar o material das bordas para o centro
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Pode estar pronto
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Verifique a maturidade do composto
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O composto está muito quente (acima de 70º)
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Monte muito grande
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Reduza o tamanho
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Excesso de umidade
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Excesso de água
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Evitar a incidência de água ou materiais muito úmidos
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ATERRAMENTO
O aterramento consiste em abrir um buraco de no máximo 30cm de profundidade no solo sendo uma prática comum em áreas onde não há recolhimento de lixo. Nesse método, recomenda-se o recobrimento com camadas finas de terra retiradas da própria escavação para evitar a atração de moscas e outros animais. É um processo mais lento do que os anteriores e o material não precisa ser revolvido.
IMPORTÂNCIA DA COMPOSTAGEM:
- Reduz a quantidade de lixo nos depósitos;
- Enriquece a terra em nutrientes para as plantas;
- Evita as queimadas que poluem o ar e incomodam a vizinhança;
- Auxilia na agregação do solo melhorando a sua estrutura;
- Ajuda na aeração e na habilidade de reter água e nutrientes, e soltá-los lentamente para uso das plantas ao seu redor;
- Melhora a drenagem nos solos argilosos e a retenção da água nos solos arenosos;
- Reduz a necessidade de usar herbicidas e pesticidas.
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