NOME POPULAR: Tatu-canastra; Tatu-carreta; Tatu-açu
SINONÍMIAS: Priodontes giganteus; P. grandis; Dasypus gigas;
D. giganteus
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Cingulata
FAMÍLIA: Dasypodidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: MG (CR); SP (PEx); RJ (CR); ES (CR); PA (VU)
Anexos da CITES: Anexo I
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A2cd
- INFORMAÇÕES GERAIS
Priodontes maximus é o maior tatu existente. Seu comprimento pode chegar a 1,5 m, incluindo a cauda,
e os adultos podem atingir 60 kg (Nowak & Paradiso, 1983). Apresenta uma carapaça escura no dorso,
marcada lateralmente por uma borda amarelada. Seu corpo é quase totalmente desprovido de pêlos,
apresentando apenas alguns fios duros, esparsos, entre as escamas da carapaça. Possui os sentidos de audição e visão pouco desenvolvidos, mas o seu olfato é muito aguçado para a procura de alimento. A dieta
do tatu-canastra é constituída principalmente de cupins e formigas e ocasionalmente de outros insetos,
aranhas, minhocas, larvas, cobras e carniça (Nowak & Paradiso, 1983; Anacleto & Marinho-Filho,
2001). As adaptações para uma alimentação baseada em formigas e cupins incluem garras dianteiras
poderosas para escavar formigueiros e cupinzeiros, língua vermiforme, glândulas salivares grandes,
porção posterior da mandíbula reduzida e dentes pequenos, em número variável, que são perdidos ao
longo da vida do animal (Redford, 1985). Ao contrário de outros tatus, esta espécie freqüentemente destrói os cupinzeiros quando está se alimentando (Eisenberg & Redford, 1999). Portanto, o tatu-canastra
é um importante regulador das populações desses insetos no ecossistema. Cupinzeiros destruídos até o
nível do solo e espalhados numa área circular considerável são boas evidências da presença da espécie
no local (Lima Borges & Tomás, 2004). A garra do terceiro dedo dianteiro do tatu-canastra pode medir
até 20,3 cm ao longo de sua curvatura e, além de ser utilizada na obtenção de alimento, também auxilia
na escavação de tocas (Nowak & Paradiso, 1983). A espécie tem hábito principalmente noturno, é fossorial e pode permanecer na toca por vários dias, sendo raramente vista (Eisenberg & Redford, 1999).
A habilidade com as garras e o hábito de viver em tocas podem proporcionar aos tatus maior proteção
contra os predadores do que a carapaça (Carter & Encarnação, 1983). Muitas vezes, as tocas do tatu-canastra são utilizadas para determinar a existência das populações na natureza e a preferência de habitats
da espécie. O tatu-canastra é encontrado em áreas de Cerrado e florestas tropicais (Eisenberg & Redford, 1999). No Brasil Central, a espécie utiliza preferencialmente o Cerrado, enquanto outros habitats,
como mata e campo úmido, são utilizados em menor proporção, principalmente para as atividades de
alimentação (Anacleto, 1997). A espécie tem hábito solitário e só encontra outros indivíduos na época
do acasalamento. A fêmea do tatu-canastra possui duas mamas (Nowak & Paradiso, 1983) e usualmente
tem apenas um filhote por vez, mas o nascimento de dois filhotes já foi registrado (Krieg, 1929).
- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Com base em revisão do material depositado em museus, coleções científicas e de outros registros disponíveis à época, Wetzel (1982, 1985a) considera que a distribuição geográfica do tatu-canastra cobre
grande parte da América do Sul, a leste dos Andes, noroeste da Venezuela e sul das Guianas, Colômbia,
Equador, Peru e Bolívia até o noroeste da Argentina, Paraguai e Sudeste do Brasil, incluindo um registro
no Rio Grande do Sul. No mesmo artigo (Wetzel, 1985a), o autor se contradiz, afirmando não existirem
registros conhecidos para a porção Sudeste do Brasil, a leste dos Estados do Pará, Goiás e São Paulo.
Provavelmente, a distribuição original da espécie abrangia quase todo o Brasil, à exceção de alguns
Estados do Nordeste, como Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Sergipe, onde parece
nunca ter sido registrada. Atualmente, a espécie está extinta no Paraná e restrita a poucas localidades no
Sudeste do Brasil, mas ainda é amplamente distribuída nas regiões da Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Está provavelmente extinta nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul e em vias de extinção no
Espírito Santo e Rio de Janeiro. Foi extinta na Reserva Biológica de Córrego do Veado, município de
Pinheiros, Espírito Santo (Chiarello, com. pess.) e no PE de Mirador, no Maranhão (nenhum registro
depois de 1985 – Tadeu Oliveira, com. pess.).
- PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
PARNA da Amazônia e REBIO do rio Trombetas (PA); PARNA do Araguaia e PE do Cantão (TO);
PARNA de Brasília, Reserva Ecológica do IBGE e EE de Águas Emendadas (DF); PARNA do Cabo
Orange e EE do Jari (AP); PARNA da Chapada Diamantina e PARNA do Monte Pascoal (BA); PARNA
da Chapada dos Guimarães, PARNA do Pantanal Mato-Grossense, PE da Serra Azul, PE da Serra de
Santa Bárbara, RPPN da Estância Ecológica SESC-Pantanal e EE Serra das Araras (MT); PARNA
da Chapada dos Veadeiros e PARNA das Emas (GO); PARNA Grande Sertão Veredas, PARNA das
Sempre-Vivas, PARNA da Serra da Canastra e RPPN Galheiros (MG); PARNA das Nascentes do rio
Parnaíba (BA/MA/PI/TO); PARNA do Pico da Neblina (AM); PARNA de Pacaás Novos (RO); PARNA
da Serra das Confusões (PI); PARNA da Serra do Divisor (AC); Reserva Ecológica do Xixuaú-Xiparinã
(AM/RR); RPPN da Fazenda Rio Negro (MS); REBIO de Sooretama, Reserva Natural da Companhia
Vale do Rio Doce (ES); e EE Serra Geral do Tocantins (TO/BA). Observação: para muitas Unidades
de Conservação, ainda não há estudos sobre a composição da fauna; portanto, a ocorrência da espécie
pode ser maior do que a apresentada aqui, levando-se em conta a sua ampla distribuição original.
- PRINCIPAIS AMEAÇAS
A espécie é naturalmente rara e torna-se cada vez mais rara pela alteração e destruição de seu
hábitat. O tatu-canastra é uma das espécies mais diretamente ameaçadas pela atividade humana.
É apreciado como alimento e muito caçado em sua área de distribuição (Wetzel, 1985b; Hill et al., 1997;
Leeuwenberg, 1997; Peres, 2000). Outros fatores que contribuem para a rarefação das populações desta espécie, ao longo do território nacional, são o fogo (Silveira et al., 1999) e os atropelamentos rodoviários.
- ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
As principais estratégias para a conservação da espécie são: 1) Proteção dos habitats por ela utilizados,
especialmente nas áreas em que se sabe que ela ocorre em densidades favoráveis para assegurar uma
população mínima viável. Considerando as baixas densidades populacionais da espécie, há necessidade de implantar novas Unidades de Conservação na sua área de distribuição e manter aquelas que
já existem, eventualmente efetivando a conexão das mesmas, por meio de corredores ecológicos. 2)
Fiscalização e controle da caça e apanha, especialmente nas unidades de conservação. Nas áreas onde o
tatu-canastra é ainda utilizado como alimento (Amazônia), por meio de caça de subsistência, é importante a realização de estudos que possam oferecer alternativas econômicas para as populações locais. 3)
Implantação de programas de educação ambiental voltados à conservação do tatu-canastra devem ser
oferecidos nas áreas com alta incidência de caça e atropelamentos da espécie. Campanha educativa que
valorize a espécie, informando sobre a importância do tatu-canastra no controle de formigas e cupins,
deve estender-se aos proprietários e às comunidades rurais em toda a área de distribuição da espécie. 4)
Pesquisa científica sobre a história de vida do tatu-canastra ainda é necessária, para melhor esclarecer
seus requerimentos ecológicos e subsidiar o manejo e conservação da espécie.
- ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO
Jader Marinho Filho (UnB); Anah Jácomo e Leandro Silveira (Fundo para Conservação da Onça Pintada); Teresa Cristina da Silveira Anacleto (UNEMAT – Campus Nova Xavantina e UFG).
Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
Muito bom, parabéns por mostrar ao mundo detalhes destas espécies.
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