domingo, setembro 04, 2011

Albatroz-de-tristão


Diomedea dabbenena Mathews 1929

NOME POPULAR: Albatroz-de-tristão
SINONÍMIAS: Diomedea exulans dabbenena
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Procellariiformes
FAMÍLIA: Diomedeidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: RS (VU)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): EN
Brasil (Biodiversitas, 2002): EN – B1ab(i) + 2ab(ii)

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Diomedea dabbenena, albatroz-errante das ilhas do Atlântico Sul central, ganhou status específico pleno apenas recentemente, com base em estudos moleculares. Diferencia-se de D. exulans, das Geórgias do Sul, por apresentar medidas menores de asa (570-616 mm, comparado a 620-675 mm para ambos os sexos de  D. exulans), tarso (105-109 mm, comparado a 104-127 mm) e, notavelmente, do bico.  O cúlmen varia de 144 a 158 mm nos machos e de 138 a 150 mm nas fêmeas, enquanto D. exulanspossui cúlmen de 162-180 mm para os machos e 152-172 mm para as fêmeas. A altura do bico é similar à de D. exulans, conferindo um perfil comparativamente robusto às aves. Os machos têm bicos mais altos na base e mais robustos que as fêmeas. Há registro de um macho com 2,83 m de envergadura. Uma característica importante é que D. dabbenena não apresenta estágios de plumagem tão claros como os apresentados por D. exulans. As fêmeas mantêm por toda a vida uma plumagem mais escura, especialmente na cabeça, pescoço e peito. Uma característica importante é a manutenção de uma faixa peitoral e asas com face dorsal negra, mesmo quando as costas da ave já adquiriram cor quase totalmente branca. Juvenis dessa espécie deixam o ninho com uma plumagem mais pálida e acinzentada que os de  D. exulans. Adultos em incubação são observados nas ilhas Gough, em janeiro e fevereiro, enquanto filhotes já com o tamanho dos pais, mas cobertos de penugem, estão presentes em setembro, deixando os ninhos em novembro e dezembro. A espécie nidifica bianualmente e o sucesso reprodutivo (número de jovens que voam do ninho / número de ovos postos) varia entre 46 a 69%. Os jovens começam a retornar às colônias com 4-5 anos de idade. A filopatria é bastante elevada (80% das aves voltam à sua colônia natal). Em geral, os albatrozes de Gough começam a se reproduzir entre 8 e 9 anos de idade (10 a 12 em D. exulans), alguns chegando a nidificar com 6 anos. A maior longevidade para uma ave anilhada é de 22 anos. Durante o período reprodutivo, o principal item da dieta das aves em Gough são as lulas Histiotheutidae (seis espécies de Histiotheuthis), mas pelo menos outras 18 espécies de cefalópodes são também consumidas. Exemplares acompanhando espinheleiros fora da costa do Brasil alimentam-se tanto de iscas descartadas (lulas, Illex argentinus) como de vísceras de peixes, notadamente de fígado de tubarões.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Apesar do nome, o albatroz-de-tristão foi extinto na ilha Tristão da Cunha no início do século XX, em decorrência da exploração de ovos e de filhotes para a alimentação dos habitantes locais. Entre um e três pares nidificam anualmente na ilha Inaccessible, enquanto 1.500 nidificam em Gough, que abriga a quase totalidade da espécie. Exemplares anilhados em Gough têm sido recapturados fora da costa do Uruguai (um registro) e do Brasil (três registros), no sul da África e no sudeste da Austrália. Enquanto os registros na América do Sul e África sugerem deslocamentos para alimentação, o registro australiano indica que aves de Gough realizam migrações circumpolares similares a alguns D. exulans. Estudos recentes utilizando rastreamento por satélite confirmam que, durante a reprodução, as aves se alimentam na plataforma continental da América do Sul. Sugere-se que esta região é utilizada principalmente por machos, enquanto as fêmeas forrageiam preferencialmente a leste de Gough. Os registros brasileiros foram feitos entre São Paulo (Santos) e Rio Grande do Sul. O Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) possui dois machos anilhados em Gough, capturados por espinheleiros brasileiros, e quatro fêmeas de D. dabbenena não anilhadas e capturadas da mesma forma. Os exemplares foram capturados entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nos meses de outubro e novembro. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Desconhecida. As ilhas Gough e Innacessible são possessões britânicas sob regime de proteção especial.

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  A espécie é capturada incidentalmente por barcos espinheleiros que atuam no sul do Brasil, especialmente na região da convergência subtropical, e também em águas internacionais, fora da plataforma continental, particularmente na região da elevação do rio Grande. Esses barcos visam principalmente a captura de espadartes, tubarões e atuns. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  A principal estratégia para a conservação da espécie no Brasil é a adoção, pela frota espinheleira, de medidas mitigatórias que impeçam ou minimizem a captura de aves marinhas. Devem ser incluídas medidas que possam desencorajar ou impedir o acesso das aves aos anzóis iscados. Um Plano Nacional de Conservação de Albatrozes e Petréis (PLANACAP) foi aprovado pelo IBAMA/Ministério do Meio Ambiente e deve ser implementado.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Tatiana Neves e Fabiano Peppes (Instituto Albatroz) e Fábio Olmos (Pesquisador autônomo e CBRO), têm trabalhado com a questão da captura incidental de aves marinhas pela frota brasileira, incluindo D. dabbenena, e são autores do PLANACAP. Leandro Bugoni e Carolus M. Vooren (FURG) e Jules Soto (UNIVALI), têm estudado a ecologia e distribuição das aves oceânicas do extremo-sul brasileiro, incluindo a sua interação com a pesca.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

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