quinta-feira, setembro 15, 2011

Rabo-de-palha-de-bico-vermelho


Phaethon aethere usLinnaeus, 1758

Provável imagem da espécie.


NOME POPULAR: Rabo-de-palha-de-bico-vermelho ou Grazina (BA); 
Rabo-de-junco-de-bico-vermelho (PE)
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Pelecaniformes
FAMÍLIA: Phaethontidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): não consta
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – D1 + 2






  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Phaethon aethereus é uma ave marinha de médio porte e hábitos pelágicos, com as penas centrais da cauda longas e finas. É a maior espécie do gênero: o corpo mede cerca de 50 cm e a envergadura fica em torno de 1 m. Pesa aproximadamente 700 g. Tem a plumagem do corpo branca, com o dorso rajado de negro e as pontas das asas pretas. Destacam-se uma faixa negra na altura dos olhos e o forte bico vermelho. Essas aves reproduzem-se em ilhas oceânicas, entre outubro e maio, e utilizam as cavidades nos penhascos e espaços entre as rochas no solo como local para o ninho. Disputam vorazmente locais de ninho com indivíduos da mesma espécie e de outras espécies, principalmente petréis e pardelas. A corte, essencialmente aérea, ocorre em grupos compostos por um ou mais pares e apresenta movimentos exuberantes e ágeis. No ninho são, usualmente, silenciosas; no entanto, durante os vôos de corte, são extremamente barulhentas e conspícuas. A espécie é monogâmica e os casais podem permanecer juntos por vários anos, utilizando inclusive o mesmo local de ninho. A postura é de apenas um ovo branco, depositado diretamente no solo e incubado por ambos os adultos por cerca de 28 dias. Os filhotes, nidícolas, nascem com uma penugem acinzentada e bico amarelado. No início, estão sempre acompanhados pelos pais, mas depois de poucos dias passam a ficar cada vez mais sozinhos no ninho. Os filhotes têm crescimento lento e permanecem no ninho por um período de até 90 dias. Aparentemente, atingem a 
maturidade sexual a partir dos três anos de idade. Deslocam-se no solo com dificuldade, utilizando bico e asas para auxiliar no deslocamento, e são péssimos nadadores. Não existe diferença aparente entre os sexos. Buscam alimento sozinhos ou em par, patrulhando o mar a uma altura aproximada de 20 m. Quando encontram a presa, despencam em um mergulho rápido, que atinge de 3 a 4 m de profundidade. Alimentam-se preferencialmente de peixes-voadores e lulas. Apresentam membrana interdigital e comumente descansam boiando na água. Em Abrolhos, por causa deste comportamento, várias aves têm suas patas arrancadas por grandes predadores. Fora do Brasil, é a espécie menos numerosa do gênero, com estimativa em torno de 20.000 indivíduos. As maiores populações estão nas Américas, com cerca de 1.600 casais no Caribe, de 500 a 1.000 casais no Golfo da Califórnia e vários milhares de casais em Galápagos. No Brasil, a maior colônia reprodutiva localiza-se em Abrolhos, onde a reprodução ocorre em todas as ilhas do arquipélago. Entretanto, apenas cerca de 70 ninhos ativos foram registrados entre 1990 e 1992, sendo a maioria na ilha Santa Bárbara. Em 1991, não foi registrada reprodução da espécie em Fernando de Noronha; em setembro de 1993, foi avistado apenas um indivíduo em voo.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

  A espécie distribui-se por mares tropicais e subtropicais, preferencialmente em regiões oceânicas. Fora do período reprodutivo, tem ampla dispersão, mas não realiza migrações. Em 1981, a espécie foi citada como pouco comum no arquipélago dos Abrolhos e nidificava em lugares isolados nas ilhas Santa Bárbara, Redonda e Sueste. Em Fernando de Noronha, em 1982, foram registrados apenas sete indivíduos e, desde janeiro de 1987, apenas dois ninhos foram registrados na ilha do Morro da Viuvinha, sendo, portanto, considerada rara no arquipélago. Registros esporádicos foram assinalados para a costa do Maranhão e Cabo Frio (RJ). 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  Reproduz-se nos PARNAs Marinhos de Abrolhos (BA) e Fernando de Noronha (PE) e já foi registrada sobrevoando a REBIO Marinha de Atol das Rocas (RN). 

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  Em algumas regiões do mundo, a coleta de ovos e o abate de adultos e filhotes para o consumo ainda são freqüentes. No entanto, a deterioração dos habitats e a interação com animais introduzidos nas ilhas são as maiores ameaças. No Brasil, não existem registros de coleta de ovos e abate de adultos e filhotes, mas é preocupante o crescimento populacional de animais invasores, principalmente ratos e gatos. Em Abrolhos, existem cabras, coelhos, gatos e ratos. Os dois últimos são conhecidos predadores de ovos e filhotes e o coelho é um potencial competidor pelas tocas disponíveis para a reprodução das grazinas. Pelo menos uma espécie de rato (Rattus rattus) está presente em todas as ilhas do arquipélago. Os gatos foram levados para a ilha Santa Bárbara com o intuito de controlar os ratos e se tornaram abundantes e asselvajados. O turismo é outro fator estressante para as aves. Em Abrolhos, apesar de apenas a ilha Siriba receber visita orientada, a aproximação dos ninhos pelos turistas obriga a ave a abandonar momentaneamente o ninho e expõe sua prole aos predadores. Em Fernando de Noronha, a presença de gatos, ratos e talvez do lagarto (Tupinambis merianea) é um sério problema para as aves que nidificam na ilha principal e um perigo em potencial para as ilhas próximas. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  Avaliar a presença de predadores e competidores pelos buracos utilizados pelas aves para a reprodução nas ilhas e estabelecer protocolos de controle são estratégias importantes. Também é necessário erradicar os animais introduzidos, principalmente gatos e ratos, das ilhas onde existe reprodução da espécie, além de avaliar a presença e estabelecer protocolos de controle nas outras ilhas potencialmente disponíveis. Reavaliar o programa de visitação em Abrolhos, a fim de evitar a proximidade de turistas dos ninhos, e obter informações sobre dinâmica populacional e ecologia reprodutiva da espécie são outras medidas necessárias, assim como a busca de novos ninhos em Fernando de Noronha e a identificação de ameaças nos locais com potencial de reprodução.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Vania S. Alves, Ana Beatriz A. Soares, Gilberto S. do Couto e Anna Beatriz B. Ribeiro (Grupo de Estudos de Aves Insulares do Laboratório de Ornitologia da UFRJ); Márcio Amorim Efe (CEMAVE/IBAMA); Albano Schulz-Neto (Programa de Pós-Graduação em Zoologia – UFPB).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

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