domingo, setembro 18, 2011

Lagartinho-de-Linhares


Cnemidophorus nativo Rocha, Bergallo & Peccinini-Seale, 1997


NOME POPULAR: Lagartinho-de-Linhares; Lagartinho nativo
SINONÍMIAS: Cnemidophorus ocellifer
FILO: Chordata
CLASSE: Reptilia
ORDEM: Squamata
FAMÍLIA: Teiidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: ES (VU)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): não consta
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – B1b(i)c(i) + 2b(ii)c(ii)

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Cnemidophorus nativo é um lagarto partenogenético, forrageador ativo, endêmico de áreas de restinga do Sudeste e Nordeste do Brasil. Sua distribuição vai desde a restinga de Setiba, em Guarapari, no Estado do Espírito Santo, até a restinga de Trancoso, no Estado da Bahia. Nas restingas em que ocorre, esta espécie tem preferência por locais abertos, deslocando-se principalmente sob vegetação herbácea, fora de moitas ou ao longo da borda de moitas. Cnemidophorus nativo é uma espécie heliotérmica, com hábito exclusivamente diurno. De forma geral, inicia sua atividade por volta de 8h, possuindo um pico de atividade entre 10h e 12h, permanecendo ativa até aproximadamente 13h. Durante o seu período de atividade, C. nativo regula sua temperatura corporal utilizando o calor do substrato em que se encontra, o calor do ar e a radiação direta do sol, possuindo uma temperatura corpórea média de aproximadamente 37º C. É um lagarto carnívoro, com uma dieta constituída predominantemente de presas relativamente sedentárias (como larvas) ou que ocorrem de forma agregada (como cupins). A espécie é ovípara e possui uma reprodução extensa ao longo do ano. O tamanho da ninhada varia de um a quatro ovos, sendo mais freqüente a ocorrência de dois ovos. O tamanho mínimo na maturidade da espécie (com base na menor fêmea reprodutiva com folículos em vitelogênese ou ovos no oviduto) é de cerca de 49 mm. Associadas a C. nativo têm sido encontradas seis espécies de helmintos, sendo Physaloptera retusa (22,8%) e Physalopteroides venancioi (11,9%) os parasitas mais prevalentes.

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Considerando a recente descrição da espécie, a distribuição geográfica pretérita conhecida corresponde, relativamente, à distribuição atual, à exceção de alguns trechos (como Guaratiba, no município do Prado, BA), cuja área de restinga foi destruída e a espécie foi erradicada. Este lagarto se distribui nas restingas ao longo da costa do Espírito Santo e da Bahia. No Espírito Santo, ocorre desde Setiba até o extremo norte do Estado, no município de Linhares. Na Bahia, ocorre desde as restingas da porção sul do Estado, no município de Prado, até a região de Trancoso. Possui distribuição apenas em restingas costeiras. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  A espécie está presente no PE Paulo Cesar Vinhas, em Setiba, na REBIO de Comboios e na borda externa da RF de Linhares, da Companhia Vale do Rio Doce, todas três localizadas no Estado do Espírito Santo. Unidades de Conservação adicionais devem ser criadas, especialmente na Bahia, onde a espécie ainda não é protegida.


  • PRINCIPAIS AMEAÇAS

  O principal fator de ameaça e que vem colocando em risco as populações de C. nativo, ao longo de sua distribuição, é a destruição dos habitats de restinga. Tem ocorrido acentuada destruição de amplas porções de restingas, de forma simultânea, nos diferentes municípios de ocorrência da espécie. Um exemplo: em Guaratiba, no município de Prado (BA), onde a espécie ocorria extensamente, tendo sido a população local estudada em 2001 e 2002, a área de restinga foi destruída nos últimos anos e a espécie foi localmente extinta. 

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  As principais estratégias de conservação envolvem prioritariamente ações dirigidas à proteção dos ambientes de restinga onde C. nativo ocorre e que estão sob intensa pressão de degradação ou erradicação. Nas áreas em que o hábitat da espécie vem sendo destruído, devem ser desenvolvidos programas de recuperação, levando em conta as características estruturais do hábitat que favorecem a espécie. Nas áreas onde a espécie ainda ocorre, é importante que seja implementado o monitoramento dos estoques populacionais. Adicionalmente, recomenda-se a criação de novas Unidades de Conservação na área de ocorrência da espécie. Também é preciso investir em pesquisa científica, para obter mais subsídios à elaboração das estratégias de conservação de C. nativo, além de um programa de educação ambiental visando a conscientização sobre a importância da preservação da espécie e de seus habitats. Caso a situação de C. nativo se agrave excessivamente nas próximas décadas, seria recomendável a recuperação do hábitat nas áreas em que a espécie foi extinta, seguida de um programa de reintrodução, com subseqüente monitoramento. Parte dos dados disponibilizados nesse capítulo foram obtidos de um projeto 
direcionado à espécie, subvencionado pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Carlos Frederico Duarte Rocha, Vanderlaine Amaral Menezes e Helena G. Bergallo (IB/UERJ).

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquise neste blog

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...