Cebus robustus Kuhl, 1820
Mico-topetudo, Macaco (MG); Macaco-preto (BA)
SINONÍMIAS: Cebus apella robustus; Cebus nigritus robustus
FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Primates
FAMÍLIA: Cebidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: ES (VU)
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – B2ab(i, v); C2a(i)
- INFORMAÇÕES GERAIS
Cebus robustus tem a origem de seu nome vulgar (macaco-prego-de-crista ou mico-topetudo) tendo em vista a característica de maior destaque, que é a morfologia do capuz, com dois tufos altos,convergentes no topo da cabeça, de modo a formar um único topete (Pinto, 1941; Silva Júnior, 2001).Outra característica exclusiva C. robustus, entre todas as outras espécies de macaco-prego, é a coloração marrom-avermelhada da superfície lateral dos braços, escurecendo em direção aos pulsos, e a morfologia da linha dorsal longitudinal (Silva Júnior, 2001). Alguns grupos de C. robustus podem ser encontrados em formações vegetacionais de florestas ombrófilas densas nos Estados da Bahia e Espírito Santo até a região do ecótono Mata Atlântica e Cerrado no Estado de Minas Gerais, passando pelas florestas semi-deciduais do mesmo Estado, com altitudes variando de 4 a 915 m (Martins et al., 2005). O tipo de hábitat preferido por C. robustus são os estratos arbóreos mais altos e as áreas de mata mais preservadas (Chiarello, 1995). Embora até o momento não tenha sido realizada nenhuma pesquisa sobre a ecologia alimentar de C. robustus, acredita-se que a espécie apresente um padrão comum ao gênero na Mata Atlântica, com dieta onívora baseada em frutos, sementes, brotos, flores, invertebrados e pequenos vertebrados. Os grupos são multimacho-multifêmea, que variam de 8 a 10 indivíduos, mas esse tamanho de grupo é raro de se observar, sobretudo em decorrência das ameaças à sua sobrevivência. No Estado
de Minas Gerais, a média é de 4 indivíduos por grupo (Martins, 2005). Cebus robustus apresentaatualmente uma das mais baixas densidades dentre os primatas da Mata Atlântica, com 0,22 grupos/km2 (Martins, 2005), o que pode indicar que sua categoria de ameaça mais apropriada seja Em Perigo, como anteriormente sugerido por Rylands & Chiarelo (2003).
- ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO
Helder Lima de Queiroz (IDSM); José de Sousa e Silva Júnior (MPEG); Leandro Jerusalinsky e Marcelo Marcelino de Oliveira (IBAMA); Maria Aparecida Lopes e Maria Lúcia Harada (UFPA); Oswaldo de Carvalho Júnior (IPAM); Stephen Francis Ferrari (UFS); Tadeu G. de Oliveira (UEMA e Instituto Pró-Carnívoros). MPEG; UFPA; IPAM; IBAMA/PB; UEMA.
- DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Oliver & Santos (1991) afirmaram que C. robustus ocorre ao sul do rio Jequitinhonha e ao norte do rio Doce, em estudos realizados na Bahia e no Espírito Santo. No Estado de Minas Gerais, a distribuição de C. robustus estaria limitada ao norte pelo rio Jequitinhonha e ao sul pelos rios Doce e Piracicaba. Rylands et al. (1988) indicaram a possibilidade de o limite oeste de sua distribuição ser o rio São Francisco. Martins (2005) revisou os dados da literatura e visitou várias áreas citadas na mesma, constatando alguns equívocos. Na realidade, o limite oeste da distribuição de C. robustus é o rio Jequitinhonha. Seu limite sul seria o rio Doce, seguido do rio Suaçuí Grande. Com esses novos dados, a distribuição geográfica de C. robustus foi reduzida em mais de 20.000 km2, somente em seu limite sul, podendo provocar o aumento de seu grau de ameaça.
- PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Cebus robustus está presente em três REBIOs no Estado do Espírito Santo (Sooretama, Córrego do Veado e Córrego Grande) e em três PARNAs no Estado da Bahia (Descobrimento, Pau-Brasil e Monte Pascoal). Existem ainda duas áreas privadas relevantes para a conservação da espécie. São elas: Reserva Natural da Vale do Rio Doce (ES) e RPPN Estação Veracruz (BA). A EE Estadual de Acauã é a única Unidade de Conservação no Estado de Minas Gerais onde a presença de C. robustus foi confirmada (Martins et al., 2005).
- PRINCIPAIS AMEAÇAS
Provavelmente abundante no passado, esta espécie de macaco-prego está ameaçada de extinção pelo desmatamento e destruição de seu hábitat (Oliver & Santos, 1991). Além disso, a intensa pressão de caça e sua captura como animal de estimação, principalmente no Estado da Bahia, vêm contribuindo para o declínio das populações.
- ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
Um dos maiores desafios à conservação de C. robustus é a proteção e recuperação das áreas existentes dentro do seu limite de distribuição. O levantamento de informações sobre sua biologia e
ecologia, aliado a parâmetros populacionais como densidade populacional e tamanho de grupo, são também essenciais para a elaboração de um plano de ação que auxiliará a conservação da espécie. O IBAMA também criou o “Comitê para Recuperação e Manejo do Cebus xanthosternos e Cebus robustus”. Dentre os objetivos desse Comitê, a manutenção de uma população viável de C. robustus em cativeiro, controlada e manejada por meio de um “studbook”, é de grande importância para a manutenção da variabilidade genética da espécie.
- ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO
José de Souza e Silva Júnior (MPEG) elucidou a taxonomia do gênero Cebus e revalidou
C. robustus como espécie. Waldney Pereira Martins (UFMG), em sua dissertação de mestrado, analisoua distribuição geográfica da espécie e estimou sua densidade em diversas áreas no Estado de Minas Gerais,e atualmente coleta dados ecológicos e comportamentais da espécie em seu doutorado.
Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
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