- Em 1846, o governo boliviano pensa em chegar ao oceano atlântico através dos rio Madeira e Mamoré, mas o trecho encachoeirado do Madeira impede essa ligação.
- Em 1861, 15 anos depois o general boliviano Quentin Quevedo tem a ideia de construir uma ferrovia, para fugir das cachoeiras do Madeira. Essa ideia igualmente foi defendida pelo Brasil, através de João Martins Coutinho do governo do Amazonas.
- Quando começa a guerra do Paraguai, em 1865, o sul do Mato Grosso é tomado e isolado do resto do país. O Imperador D. Pedro II vê a importância de se navegar pelo Madeira para reintegrar o Mato Grosso e manda dois engenheiros estudarem e aprofundarem a ideia do general Quentin Quevedo.
- Convencidos da utilização do rio, os engenheiros sugerem a D. Pedro II que assine um tratado de boa vizinhança com a Bolívia para o uso dos rios de fronteira.
- Enquanto se discutia esse tratado, a Bolívia contrata um coronel americano Geoge Earl Church, especialista em ferrovias para estudar a tranposição das cachoeiras do Madeira. E ai a história começa a tomar outro rumo.
- A primeira ideia de Church é canalizar o Madeira e ele cria o National Bolivian Navegation Company, para tentar conseguir financiamentos. A empreiteira não da certo. Church parte, então para tentar construir uma ferrovia.
- Consegui financiamento em Londres, quase dois milhões de Libras, uma fortuna incalculável e contrata a empresa Public Works.
- Como a guerra do Paraguai havia acabado, D Pedro II perdeu o interesse militar pela empreitada. Mas quando conheceu melhor, ficou muito impressionado com o coroneu Church e ele próprio passa a negociar com o americano. E com a Public Works.
- Trazendo equipamentos e materiais para assentar 36 Km de trilho, um grupo de 25 ingleses chega a Santo Antônio em junho de 1872. Menos de um ano depois voltam a Londres, derrotados pelos mosquitos, pela malária, pela fúria do rio. Não fizeram nem um metro de estrada.
- O coroneu Church não desiste da empreiteira. Vai ao Estados Unidos, à negócios com um grande presidente de siderúrgica, e consegue novo financiamento para a obra.
- Com o novo dinheiro, contrata uma das maiores e mais especializadas companhias construtoras de estradas de ferro:P & T Collins.
- Outro fracasso: novamente as condição do terreno, as doenças tropicais, os índios, o calor, derrotam os americanos. Mesmo assim conseguem construir sete Km de trilhos e no dia da independência americana, 4 de julho de 1868, a primeira locomotiva anda por eles. Mas anda pouco. Na primeira curva a locomotiva capota...
- Menos de dois meses depois, em agosto, os remanescentes da P & T Collins abandonam a obra. Na miséria, sem dinheiro para voltar, um dos diretores da empresa e mais 300 empregados chegam a Belém do Pará. Para sobreviver pedem esmolas. Com esse fracasso Church também abandona a ferrovia, e volta na miséria para os Estados Unidos.
- Três anos depois da derrocada de Collins, já em 1882, o governo brasileiro envia duas expedições para estudar o local. Fracassam as duas. Primeiro a expedição Morsing. Depois a comandada por Júlio Pinkas.
- Com a assinatura do tratado de Petrópolis entre Brasil e Bolívia, nosso país recebe e incorpora o estado do Acre ao seu território, mas fica obrigado a construir a estrada.
- Nova concorrência internacional é aberta, e ganha pelo brasileiro Joaquim Catramby, e entra em cena o mais famoso personagem da Madeira-Mamoré: Percival Farqhuar. Catramby repassa o contrato para ele. Farqhuar abre uma empresa chamada Madeira-Mamoré Railway, coloca ações no mercado e consegue dinheiro para tocar a ferrovia. Para fazer isso contrata a empresa May, Jeckill & Randolph.
- Os mesmos males que derrotam as duas primeiras empresas começam a assolar os novos empreiteiros. Mas Farqhuar cuida disso em detalhes e, com uma estrutura médica hospitalar competente, consegue minimizar o problema. Não acaba com ele, mas obtém níveis satisfatórios de higiene e saneamento.
- A obra deslancha. Farqhuar coloca anúncios em todo o mundo, falando do novo Eldorado. Consegue trazer trabalhadores de diversos países. Alguns historiadores falam em 10 etnias outros em 23. A Madeira-Mamoré parece ser uma Torre de Babel que vai dar certo.
- Em 1912, finalmente a estrada é inaugurada, com 366 km de extensão, num cenário econômico desfavorável. A borracha natural mola propulsora de sua construção- já não entusiasmava os industriais do mundo.
terça-feira, agosto 09, 2011
EFMM, cronologia de uma epopéia.
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