terça-feira, agosto 16, 2011

Morceguinho-do-cerrado


Lonchophylla dekeyseri Taddei, Vizotto & Sazima, 1983


NOME POPULAR: Morceguinho-do-cerrado

FILO: Chordata
CLASSE: Mammalia
ORDEM: Chiroptera
FAMÍLIA: Phyllostomidae
STATUS DE AMEAÇA
Brasil (MMA, IN 03/03): Ameaçada
Estados Brasileiros: não consta
CATEGORIAS RECOMENDADAS
Mundial (IUCN, 2007): VU
Brasil (Biodiversitas, 2002): VU – A3c

  • INFORMAÇÕES GERAIS 

  Lonchophylla dekeyseri apresenta medidas de antebraço entre 34,7 e 37,7 mm e crânio curto, de 22 a 22,6 mm (Taddei et al., 1983). O peso fica entre 10 e 12 gramas (Aguiar, 2000). A pelagem dorsal é mais escura que a pelagem da região ventral. O focinho é alongado, a língua é comprida, com numerosas papilas na extremidade distal; os dentes molares são finos e alongados e a cauda é curta, perfurando dorsalmente a membrana interfemural. A espécie é nectarívora, dependente de abrigos, sendo polinizadora de plantas típicas do Cerrado e endêmica a um dos biomas mais ameaçados do país. Aguiar & Machado (2004) apresentaram a distribuição potencial, que está associada a regiões cársticas. Os registros existentes indicam a facilidade de capturá-la perto de cavidades ou em áreas próximas a elas. A espécie já foi encontrada em áreas abertas xerofíticas, áreas cársticas, matas de galeria, matas mesofíticas, matas semidecíduas e em afloramentos calcários (Bredt et al., 1999; Aguiar, 2000; Aguiar & Machado, 2004). Até o momento, foram computados 118 indivíduos de L. dekeyseri para a região do Distrito Federal (Bredt et al., 1999; Aguiar, 2000; Coelho & Marinho-Filho, 2002). A espécie parece ser rara em inventários, contribuindo com poucos indivíduos nas amostras conhecidas até o momento. A dieta de L. dekeyseri é composta de insetos, recursos florais e frutos (Coelho, 1999). As plantas identificadas até o momento como recurso alimentar são Pseudobombax longiflorum, Bauhinia angulicaulis,  Luehea grandiflora e Hymenaea stilbocarpa, que florescem no período de seca (Coelho, 1999). O período de gestação dura de 2 a 3 meses e ocorre no início da seca (Coelho, 1999). O período de lactação dura provavelmente dois meses. Filhotes nascem na época seca, onde há maior oferta de partes florais, néctar e pólen, que oferecem carboidratos e proteína (Coelho, 1999). As fêmeas carregam seus filhotes (Aguiar et al., 2006). A população estudada até o momento apresentou mais adultos que jovens e mais fêmeas que machos, com segregação sexual no período de reprodução (Coelho, 1999). 

  • DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 

  Lonchophylla dekeyseri era registrada, até 2002, para Sete Cidades, no Piaui; Parque Nacional de Brasília, Distrito Federal; serra do Cipó, Minas Gerais. Atualmente, a ocorrência continua restrita ao bioma Cerrado. Existem dados atualizados para a ocorrência da espécie no Parque Nacional de Sete Cidades e Parque Nacional de Brasília. Não há registros atuais para o Parque Nacional Serra da Canastra (Aguiar, obs. pess.). Novas localidades em Goiás e Mato Grosso foram acrescentadas. 

  • PRESENÇA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 

  PARNA de Sete Cidades (PI); PARNA das Emas (GO); APA Gama-Cabeça de Veado, PARNA de Brasília e APA da Cafuringa (DF); EE Serra das Araras (MT); PARNA da Serra do Cipó (MG). 

  • PRINCIPAIS AMEAÇAS 

  Perda, descaracterização e fragmentação de hábitat; extermínio de colônias que coabitam (ou não) com o morcego-vampiro (Desmodus rotundus), abatidos nas áreas de pecuária do Cerrado, por causa da preocupação com a raiva; declínio das condições ambientais ótimas, com o descaso e conseqüente desaparecimento de cavernas usadas para a reprodução e moradia pela espécie, inutilizadas por ações de mineradoras, agricultura e pecuária; fogo; possível competição por abrigo com D. rotundus, em áreas de forte atividade pecuária.

  • ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO

  São recomendadas as seguintes medidas para a conservação de  L. dekeyseri: a proteção do hábitat, principalmente das áreas cársticas, que são abrigos para a espécie. Fiscalização e incentivo para a conservação das áreas cársticas, visando preservar as colônias da espécie; ações de pesquisa e educação ambiental para os órgãos de controle de zoonoses e a população rural envolvida no combate ao morcego vampiro, para evitar extermínio de espécies que coabitam com D. rotundus. Manejo e monitoramento em ambientes naturais das populações remanescentes. Recuperação de habitats. Pesquisa científica para caracterizar o tamanho populacional da espécie no Cerrado remanescente. É urgente a necessidade de estudos sobre a ecologia da espécie, incluindo estudos sobre requerimento de hábitat e tamanho mínimo de população. Embora esteja presente em Unidades de Conservação, a região de distribuição da espécie está sendo descaracterizada em decorrência da produção agrícola e pecuária. 

  • ESPECIALISTAS/NÚCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO 

  Ludmilla Moura de Souza Aguiar (Embrapa Cerrados); Daniela Coelho e Jader Marinho-Filho (UnB); Marlon Zortéa (UFG); Albert Ditchfield (UFES). Esses pesquisadores trabalham atualmente com a espécie e estão elaborando o Plano de Ação, financiado pelo PROBIO/MMA.

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

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